Ex-primeiro-ministro paquistanês é indiciado por vazar segredos de Estado

Imran Khan, afastado devido a uma moção de desconfiança em 2022, agora enfrenta a possibilidade de uma pena de prisão de até 14 anos

Imran Khan, ex-primeiro-ministro do Paquistão, foi acusado de divulgar informações confidenciais do Estado por um tribunal local, noticiou a emissora paquistanesa Geo TV na segunda-feira (23). A acusação é mais um capítulo de uma série de questões legais que o político, atualmente detido na prisão de Adiala, em Islamabad, tem enfrentado desde que foi destituído do cargo em abril de 2022. As informações são da agência Al Jazeera.

Khan, um lendário ex-jogador de críquete e proeminente figura na política paquistanesa, enfrenta acusações de vazamento de uma carta diplomática enviada ao embaixador do Paquistão em Washington, que alegadamente envolveria os Estados Unidos em sua saída do cargo, embora tanto a Casa Branca quanto Islamabad tenham negado essa narrativa de conspiração.

Shah Mahmood Qureshi, que atuou como ministro das Relações Exteriores ao lado de Khan, também enfrenta acusações relacionadas ao mesmo caso de divulgação de segredos de Estado, as quais ambos negam e dizem ter “motivações políticas”. As imputações foram feitas com base na Lei dos Segredos Oficiais da era colonial.

Imran Khan em imagem de agosto deste ano (Foto: WikiCommons)

O partido Paquistão Tehreek-e Insaf (PTI), ao qual Khan pertence, emitiu uma declaração por meio de seu porta-voz. No comunicado, a sigla anunciou que contestaria a decisão da Justiça.

Por conta de sua enorme influência no país do sul da Ásia, Khan, que liderou o Paquistão entre os anos de 2018 e 2022, tem uma sólida base de seguidores. Mas isso não foi o suficiente para manter seu mandato, que chegou ao fim no ano passado depois que ele foi afastado por meio de uma moção de censura no parlamento, que ocorreu em meio a acusações de má gestão econômica.

Desde a independência do Paquistão em 1947, nenhum chefe de governo conseguiu completar seu mandato. Porém, Khan foi o primeiro a ser destituído por meio de uma moção de censura parlamentar.

O ex-premiê foi afastado do cargo devido a conflitos com o exército paquistanês e por tentar dissolver o parlamento, o que foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal. Após sua queda, ele enfrentou mais de 170 acusações criminais, desde terrorismo até desacato ao tribunal e blasfêmia.

O ex-astro de críquete também foi impedido de concorrer a cargos públicos por cinco anos devido à sua condenação por corrupção em agosto. Por conta disso, ele foi sentenciado a três anos de prisão, mas a acusação foi posteriormente suspensa.

Khan pode pegar até 14 anos de prisão caso seja condenado. Fora isso, as acusações complicam seus planos de concorrer nas eleições programadas para o final de janeiro de 2024.

Mesmo afastado do poder e afundado em questões legais, Khan mantém um grande apoio popular. Em maio de 2023, ele foi brevemente preso, o que levou seus seguidores a saírem às ruas em protestos em todo o país, às vezes resultando em conflitos violentos.

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