Polícia admite falha na segurança em ataque que matou mais de cem no Paquistão

Homem-bomba usou uniforme da polícia e entrou sem ser notado em um complexo onde ficava a mesquita atacada na segunda-feira

Uma falha na segurança foi determinante para permitir que um terrorista suicida matasse mais de cem pessoas ao ativar uma bomba em uma mesquita de Peshawar, no Paquistão, na segunda-feira (30). A admissão partiu de Moazzam Jah Ansari, chefe de polícia provincial, segundo relatou a agência Associated Press (AP).

“Sim, admito que foi uma falha de segurança e assumo a responsabilidade por isso”, disse Ansari, negando que a explosão tenha sido causada por um drone ou por explosivos previamente plantados no local. “Não há verdade em tais especulações e afirmações. Foi um atentado suicida”.

De acordo com a autoridade, o homem-bomba conseguiu entrar no complexo onde fica a mesquita, que abriga também um quartel de polícia, usando um uniforme policial. Ele entrou no local caminhando e conduzindo uma motocicleta pelas mãos, como se estivesse quebrada. Devido às roupas que usava, não teve a identidade checada por outros agentes de segurança, que pensaram tratar-se de um colega.

Mais de 300 pessoas, entra elas muitos policiais, faziam suas orações no momento da explosão. O que mais fez vítimas, porém, foi o colapso do teto da mesquita, que soterrou centenas de pessoas. O número mais recente de mortos divulgado pelas autoridades fala em 101, com mais 225 feridos. Alguns destes estão ainda no hospital.

Cidade de Peshawar, no noroeste do Paquistão (Foto: Creative Commons/snl.no)
Investigações em andamento

Desde que o ataque ocorreu, o governo paquistanês tem apontado o dedo para o Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popularmente conhecido como Taleban do Paquistão, grupo extremista mais ativo no país. O ministro da Defesa, Khawaja Mohammad Asif, e o ministro do Interior, Rana Sanaullah Khan, culparam inclusive o Afeganistão, dizendo que o país vizinho dá abrigo aos integrantes da facção.

Porém, Muhammad Khorasani, porta-voz do TTP, negou a autoria. “De acordo com nossas leis e constituição geral, qualquer ação em mesquitas, madrassas, funerais e outros locais sagrados é uma ofensa”, disse ele, segundo a agência Al Jazeera.

O TTP chegou a estabelecer alguns acordos de cessar-fogo com o governo, mas eles não vingaram. O primeiro, firmado em 2021, foi interrompido no dia 10 de dezembro daquele ano, exatamente um mês após ter sido iniciado. Os extremistas acusaram Islamabad de não cumprir as promessas feitas antes do pacto, entre elas a libertação de prisioneiros e a formação de um comitê de negociações.

À época em que aquele cessar-fogo foi estabelecido, o ministro da Informação paquistanês, Fawad Chaudhry, confirmou a influência do Taleban do Afeganistão para que o acerto fosse possível. Mais tarde, em junho de 2022, um novo cessar-fogo foi acordado, sendo mais uma vez rompido pouco depois por decisão dos insurgentes.

Enquanto isso, as investigações para apurar a autoria do ataque seguem em andamento, e as autoridades paquistanesas dizem ter prendido alguns suspeitos de envolvimento. Porém, as forças de segurança não divulgaram informações sobre os acusados ou sobre a eventual filiação deles a grupos radicais.

Tags: