O artista dissidente chinês Gao Zhen foi preso sob a acusação de “insultar heróis e mártires revolucionários”, de acordo com seu irmão e parceiro artístico, Gao Qiang. Os Irmãos Gao ganharam notoriedade por suas esculturas provocativas que criticam o líder comunista Mao Tsé-Tung, fundador da República Popular da China, e seu regime. As informações são da BBC.
Gao foi colocado sob custódia após 30 policiais invadirem o estúdio de arte dos irmãos na cidade de Sanhe, no dia 26 de agosto, relatou o irmão em uma postagem no Facebook, acrescentando que foram confiscadas diversas obras de arte explicitamente críticas a Mao e à Revolução Cultural.
O artista foi acusado com base na Lei de Proteção aos Heróis e Mártires, conforme relatado por seu irmão. A legislação de 2018 proíbe a calúnia ou o insulto a figuras históricas reconhecidas como heróis nacionais, tendo penalidades mais duras foram incluídas em 2021. Se condenado, Gao pode enfrentar até três anos de prisão.
Gao Zhen se mudou para os Estados Unidos há dois anos e vivia lá permanentemente. Ele estava visitando a família na província de Hebei quando foi detido pelas autoridades.
“Eles estão detendo um artista que tem quase 70 anos de idade sob regulamentações que foram implementadas apenas nos últimos dois anos”, disse o irmão de Gao nas redes sociais. “Essa situação é exatamente o que essas obras pretendiam criticar”.
Desde a década de 1980, os irmãos têm ganhado reconhecimento internacional com obras como “A Culpa de Mao”, uma estátua de Mao ajoelhado em remorso, “A Execução de Cristo”, que mostra Jesus enfrentando um pelotão de fuzilamento de Maos, e “Senhorita Mao”, uma coleção de estátuas de Mao com características exageradas.
Vários artistas chineses renomados assinaram uma carta aberta pedindo a liberação de Gao Zhen. No documento, eles afirmam que “a polícia de Sanhe trata as obras de Gao Zhen como evidência de crime, repetindo a perseguição da Revolução Cultural”. O departamento de segurança pública de Sanhe ainda não comentou sobre o caso.
