Presidente sul-coreano é alvo de pedido de prisão por insurreição e abuso de poder

O caso, inédito, gerou intenso debate sobre os limites do poder presidencial no país

Em um acontecimento histórico para a política sul-coreana, investigadores solicitaram um mandado de prisão contra o presidente em exercício, Yoon Suk Yeol, marcando a primeira vez que um líder em exercício enfrenta tal ação no país. O caso foi registrado no Tribunal Distrital Ocidental de Seul na madrugada de domingo e envolve acusações graves de insurreição e abuso de poder. As informações são da Associated Press.

A equipe de investigação é composta pelo Escritório de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários (CIO), a polícia e uma unidade especial do Ministério da Defesa. Segundo os investigadores, o pedido de prisão se baseia em eventos ocorridos em 3 de dezembro, quando Yoon declarou lei marcial e teria ordenado o envio de tropas à Assembleia Nacional para bloquear uma tentativa de anulação do decreto pelos legisladores.

Presidente Yoon Suk Yeol (Foto: WikiCommons)
As acusações e a defesa do presidente

De acordo com a equipe investigativa, as ações de Yoon configuram insurreição e abuso de autoridade executiva. Contudo, o presidente refutou as alegações, classificando a declaração de lei marcial como uma medida necessária para “preservar a governabilidade” e impedir o que ele chamou de “abuso de poder legislativo” por parte da oposição.

A defesa de Yoon também argumenta que o CIO não possui autoridade para investigar um presidente em exercício sob suspeita de traição. Além disso, a equipe jurídica afirmou que o pedido de prisão não atende aos requisitos legais exigidos, questionando a legitimidade das acusações.

Crise institucional

O caso provocou um intenso debate na sociedade sul-coreana sobre os limites do poder presidencial e a responsabilidade dos líderes políticos. Especialistas veem a situação como um teste às instituições democráticas do país, especialmente diante de um parlamento dominado pela oposição.

Kwon Young-se, recém-nomeado líder interino do Partido do Poder Popular, pediu desculpas à população pelo episódio da lei marcial e propôs uma abordagem conciliatória, sugerindo a criação de um comitê consultivo tripartite para negociações, envolvendo o governo, a oposição e especialistas independentes.

Por outro lado, o Partido Democrata, principal força de oposição, mantém a pressão sobre o governo, tendo iniciado processos de impeachment contra Yoon e outros membros do gabinete, como o então presidente em exercício Han Duck-soo. O partido também ameaçou estender as medidas ao atual presidente em exercício, Choi Sang-mok, caso ele não cumpra as exigências parlamentares sobre nomeações judiciais.

Tags: