Nesta quarta-feira (4), parlamentares propuseram o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol, após sua decisão de declarar a lei marcial na Coreia do Sul. A medida, anunciada na noite de terça-feira (3), visava conter atividades políticas e censurar a mídia, mas gerou uma onda de protestos e conflitos dentro do país. A revogação da lei marcial, feita pelo presidente poucas horas após sua implementação, não foi suficiente para impedir a queda de popularidade de Yoon, que enfrenta agora um cenário político instável. As informações são da Reuters.
Yoon declarou a lei marcial com o argumento de que ela era necessária para proteger a Coreia do Sul de “forças antiestatais pró-Coreia do Norte” e garantir a ordem constitucional. No entanto, a medida foi criticada por muitos como excessiva e não fundamentada em ameaças específicas. O governo dos EUA, um dos principais aliados de Seul, não foi avisado sobre a decisão, como revelou o secretário de Estado, Antony Blinken, em uma entrevista à Reuters.
A implementação da lei marcial gerou um impasse entre o governo e o parlamento sul-coreano. Tropas armadas tentaram invadir o prédio da Assembleia Nacional em Seul, mas foram repelidas por parlamentares, que usaram extintores de incêndio para afastar os militares. Em meio a essa tensão, manifestantes se reuniram nas ruas pedindo a renúncia de Yoon, fazendo lembrar os protestos que levaram ao impeachment da ex-presidente Park Geun-hye em 2017.

Seis partidos de oposição apresentaram um projeto de lei para destituir o presidente, acusando-o de abuso de poder e de tentar silenciar a oposição. A votação do impeachment está marcada para sexta-feira ou sábado, e, se aprovada, a questão será encaminhada ao tribunal constitucional para uma decisão final. Caso Yoon seja removido do cargo, o primeiro-ministro Han Duck-soo assumiria interinamente até a realização de novas eleições.
A crise também causou um impacto significativo nos mercados financeiros da Coreia do Sul. O índice KOSPI, principal indicador da bolsa sul-coreana, caiu 1,4%, somando perdas acumuladas de mais de 7% no ano. O won, moeda local, também se manteve estável, mas próximo de seus menores níveis em dois anos, gerando especulações sobre possíveis intervenções das autoridades sul-coreanas para conter a turbulência econômica.
A reação popular a essa crise tem sido intensa. Grupos cívicos e trabalhistas realizaram vigílias à luz de velas no centro de Seul, exigindo a renúncia de Yoon. Os manifestantes lembraram os protestos massivos de 2017, que resultaram no impeachment de Park Geun-hye, e agora clamam pela saída do atual presidente. Embora as ruas de Seul tenham mantido uma aparência normal durante o dia, o clima político está tenso, com sindicatos organizando greves e empresas orientando seus funcionários a trabalhar em casa.
Internacionalização da crise
Enquanto a situação política se desenrola, a crise na Coreia do Sul também tem gerado preocupações internacionais. O governo chinês e russo acompanharam os eventos com atenção, destacando a gravidade da situação política no país. Para os Estados Unidos, a revogação da lei marcial foi vista como um passo positivo, mas o governo sul-coreano ainda enfrenta uma enorme pressão interna e externa para resolver a crise de forma pacífica e dentro dos limites da lei.
O futuro de Yoon Suk Yeol
A crise também coloca em xeque o futuro político de Yoon Suk Yeol. Desde sua eleição, o presidente enfrentou forte oposição devido a acusações de autoritarismo, além de escândalos envolvendo sua liderança. Em meio a uma queda significativa de popularidade, com índices de aprovação abaixo de 20%, ele se vê agora em uma posição precária, com o impeachment sendo uma possibilidade real.
Se Yoon for afastado, o primeiro-ministro Han Duck-soo assumirá o governo interinamente até que novas eleições sejam convocadas. Enquanto isso, a Coreia do Sul vive uma das crises políticas mais sérias de sua história recente, com os cidadãos e a comunidade internacional aguardando os próximos passos de um governo que se vê ameaçado por uma turbulência interna sem precedentes.