O governo da Coreia do Norte diz que autorizou seus soldados a eventualmente disparar contra as tropas sul-coreanas na região de fronteira caso identifiquem movimentação suspeita. Pyongyang acusa Seul de usar drones nas últimas semanas em voos sobre a capital norte-coreana, segundo informações da revista Newsweek.
De acordo com o Ministério da Defesa da Coreia do Norte, suas tropas receberam uma autorização preliminar para para “se prepararem totalmente para abrir fogo” contra alvos inimigos não especificados caso avistassem, por exemplo, drones de seu lado da fronteira.
O aviso se segue a uma denúncia norte-coreana de que veículos aéreos não tripulados (VANTs) teriam sobrevoado Pyongyang, inclusive jogando folhetos de propaganda voltados aos cidadãos norte-coreanos. De acordo com o Ministério, “graves tensões militares estão prevalecendo na Península Coreana”.

Seul não comentou a acusação referente aos drones, mas disse que suas forças estão preparadas para defender a população caso necessário. Segundo a rede Radio Free Asia (RFA), o governo sul-coreano também declarou, como tem sido habitual, que qualquer ataque do Norte representaria o fim do regime de Kim Jong-un.
Existe atualmente uma escalada de tensão na Península Coreana, motivada sobretudo pelos seguidos testes de mísseis feitos por Pyongyang, que levaram os EUA e seus aliados a realizarem manobras militares voltadas a intimidar o regime comunista e assim tentar conter sua beligerância.
Em dezembro, a ONU fez um alerta à Coreia do Norte após mais um lançamento. No caso, o país testou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) do tipo Hwasong-18, que voou uma distância de cerca de mil quilômetros e atingiu uma altitude de 6,5 mil quilômetros antes de cair no mar.
“O governo dos EUA foi forçado a dar mais ênfase à dissuasão em vez da desnuclearização porque Kim Jong-un não demonstrou disposição para negociar um acordo nuclear ou mesmo se reunir com os EUA para discutir a desnuclearização”, diz à VOA Gary Samore, que foi coordenador da Casa Branca para controle de armas e armas de destruição em massa durante o governo Obama.
Bruce Bennett, analista sênior de defesa do think tank RAND Corporation, diz que um processo diplomático voltado à desnuclearização norte-coreana é visto hoje em Washington como “impossível”. E concorda que a dissuasão parece ser a estratégia mais aceita pelas autoridades norte-americanas.
“Essa mudança não significa que os EUA e a Coreia do Sul abandonaram a tentativa de negociar a desnuclearização, o que a Coreia do Norte se recusa firmemente a fazer, mas sim que nossos governos não veem mais a desnuclearização como uma solução viável para a ameaça de armas nucleares da Coreia do Norte”, afirmaBennett.