Coreia do Norte anuncia o envio de centenas de lançadores de mísseis à fronteira com o Sul

Regime comunista diz que a presença das armas perto da divisa entre os países é uma resposta aos exercícios nucleares do vizinho

O governo da Coreia do Norte anunciou nesta segunda-feira (5) que cerca de 250 lançadores de mísseis foram enviados à região de fronteira com a Coreia do Sul, no mais recente sinal de beligerância de Pyongyang contra o vizinho e seus aliados ocidentais. A informação foi divulgada pela agência estatal de notícias KCNA.

Em uma grande cerimônia militar na noite de domingo (4), o regime comunista apresentou o armamento e exaltou o “poder invencível” que suas Forças Armadas dizem ter desenvolvido nos últimos anos. Além do líder nacional Kim Jong-un, o evento contou com outras autoridades estatais e teve ainda a presença da filha mais velha dele, Kim Ju-ae, apontada como a favorita a sucedê-lo.

Coreia do Norte exibe dezenas de lançadores móveis de mísseis (Foto: KCNA/divulgação)

“O ambiente de segurança da Península Coreana e da região foi exposto a uma séria ameaça, devido à imprudente rede de confronto nuclear promovida pelos EUA e pelos gângsteres militares da [Coreia do Sul] recentemente”, disse o Ministério das Relações Exteriores norte-coreano em comunicado.

Ainda de acordo com Pyongyang, a decisão de deslocar o armamento para a área fronteiriça é uma resposta aos recentes exercícios militares nucleares realizados por Seul em parceria com o governo norte-americano, batizados de Iron Mace (Clava de Ferro, em tradução literal).

O comunicado diz, ainda, que “o mundo de hoje enfrenta o perigo sem precedentes de uma guerra nuclear” por culpa de Washington e de “sua ambição selvagem de ganhar vantagem nuclear em desconsideração da paz e estabilidade globais e do ambiente de segurança regional.”

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul, órgão estatal de Seul que cuida de assuntos referentes aos dois países, devolveu a acusação ao afirmar que “a principal razão para a ameaça à paz e à estabilidade na Península Coreana é o desenvolvimento ilegal de armas nucleares e mísseis pela Coreia do Norte”, conforme relatou a rede Radio Free Asia (RFA).

Ameaça nuclear

A escalada de tensão na Península Coreana não é recente e em boa parte se deve aos seguidos testes de mísseis pela Coreia do Norte, que levaram os EUA e seus aliados a realizarem manobras militares voltadas a intimidar o regime comunista, para assim conter sua beligerância.

Em dezembro, a ONU (Organização das Nações Unidas) fez um alerta à Coreia do Norte após mais um lançamento. No caso, o país testou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) do tipo Hwasong-18, que voou uma distância de cerca de mil quilômetros e atingiu uma altitude de 6,5 mil quilômetros antes de cair no mar.

Também no fim do ano passado, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) disse ter detectado níveis crescentes de atividade em um reator nuclear do complexo de Yongbyon, indício de que o país trabalha para obter mais plutônio para armas nucleares.

Em comunicado, a AIEA disse que a movimentação em Yongbyon é “motivo de preocupação” e alertou que o desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano “é uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e é profundamente lamentável.”

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