Pela primeira vez em anos, as tensões entre a Coreia do Norte e a China vieram à tona publicamente nesta semana. Isso ocorreu após Pyongyang criticar uma declaração conjunta assinada por Beijing, que mencionava a possibilidade de desnuclearização. As informações são da rede Voice of America (VOA).
Essa aparente discordância entre os dois aliados surgiu quando a Coreia do Norte tentou lançar um satélite espião militar, interrompendo uma importante iniciativa diplomática da China.
A Coreia do Norte anunciou seu plano de lançamento enquanto o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, estava em Seul, se preparando para se reunir com os principais líderes do Japão e da Coreia do Sul em um diálogo trilateral inédito em quase cinco anos. O lançamento, que terminou em uma explosão logo após a decolagem, ocorreu várias horas após o encerramento do diálogo trilateral na noite de segunda-feira.
Embora não seja algo que nunca aconteceu antes, é incomum a Coreia do Norte criar problemas durante um evento político importante envolvendo a China. Isso porque Beijing sempre foi um grande aliado e uma fonte importante de apoio econômico para o regime norte-coreano.
Os recentes acontecimentos sinalizam desgaste em uma relação que há muito tempo ambos os lados afirmam ser “tão próxima quanto lábios e dentes”, conforme observado por Jean Lee, jornalista norte-americana especializada em Coreias. “Parece que essas fissuras podem se ampliar com apenas um pouco de pressão”, comentou ela.
“No último ano, as relações entre a Coreia do Norte e a China esfriaram, marcando a primeira vez em anos que sinais de problemas surgiram abertamente”, escreveu Rachel Minyoung Lee, observadora da Coreia do Norte e membro sênior do Stimson Center em Washington, em um blog especializado no tema.
A China há muito tempo defende a desnuclearização da Península Coreana, uma posição também apoiada pelos Estados Unidos e seus aliados.
Embora a Coreia do Norte tenha concordado com a desnuclearização em certos contextos, incluindo uma declaração conjunta assinada por Kim Jong-un e Donald Trump em 2018, no ano passado incorporou as armas nucleares em sua Constituição, com Kim declarando esse status como “irreversível”.