Após duas tentativas, Coreia do Norte lança satélite espião “com sucesso”

Em resposta, Seul anunciou a suspensão parcial do acordo de redução de tensão militar intercoreano de 2018 com Pyongyang

Na terceira tentativa deste ano, na terça-feira (21) a Coreia do Norte colocou com sucesso um satélite de vigilância em órbita. Anteriormente, Pyongyang enfrentou dois fracassos nas tentativas de lançamento do satélite, sendo um em maio e o último em agosto. As informações são da agência Associated Press.

De acordo com a Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial do país, sob a supervisão do ditador Kim Jong-un, o lançamento utilizou o novo foguete transportador Chollima-1 e carregou o satélite de reconhecimento Malligyong-1, ocorrendo no campo de lançamento de satélites de Sohae, na província de Phyongan, ao norte.

Segundo a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA), o foguete transportador Chollima-1 voou normalmente ao longo da trajetória predefinida, colocando o satélite de reconhecimento Malligyong-1 com precisão em órbita às 22h54min13s (horário local) após o lançamento. Este lançamento ocorreu após a visita de Kim à Rússia em setembro, sugerindo uma melhoria nas relações bilaterais, incluindo no setor de defesa.

Kim e sua filha instalação aeroespacial norte-coreana (Foto: KCNA/Reprodução)

O lançamento, que foi detectado pelos militares sul-coreanos, resultou em alertas da Guarda Costeira do Japão sobre a queda de partes do foguete na região.

A ação de Pyongyang recebeu condenações da Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos, sendo considerada uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), que proíbe o país de realizar qualquer lançamento envolvendo tecnologias balísticas.

Na metade do ano, Kim afirmou que a aquisição de um satélite de espionagem é crucial para fortalecer a defesa do país, à medida que os “imperialistas dos EUA e os fantoches vilões” sul-coreanos intensificam suas ações provocativas contra a Coreia do Norte, relatou a KCNA.

O Conselho de Segurança Nacional dos EUA declarou que atividade norte-coreana “amplifica as tensões e representa um risco de desestabilização da situação de segurança na região e além”.

Após o lançamento do satélite, Seul anunciou a suspensão “parcial” do acordo intercoreano de redução da tensão militar firmado em 2018 com a Coreia do Norte.

O pacto assinado entre Seul e Pyongyang visa a reduzir a tensão militar na Península Coreana, estabelecendo medidas para evitar confrontos armados e promover a confiança mútua entre os dois países. Entre as ações acordadas estavam a criação de zonas de exclusão aérea, a desmilitarização de áreas-chave na fronteira e a suspensão de exercícios militares conjuntos.

Por que isso importa?

A movimentação militar de Pyongyang aumenta a tensão na região, já que o país tem encarado a Coreia do Sul e as demais nações ocidentais como “inimigas”. O regime comunista afirma que não há “necessidade de se sentar frente a frente com as autoridades sul-coreanas e não há questões a serem discutidas com eles”. Isso inclui a questão nuclear.

Ao lado de EUA e Japão, os sul-coreanos têm pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e cooperar para manter a paz e a estabilidade na península. As negociações pela desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.

A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do líder norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.

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