Taiwan pretende usar seu maior exercício militar anual para mostrar que está pronta para se defender de um eventual ataque da China. A afirmação foi feita na quinta-feira (26) pelo ministro da Defesa, Wellington Koo, ao apresentar os detalhes das manobras Han Kuang, que terão início no próximo mês. As informações são da agência Reuters.
O governo de Beijing intensificou sua presença militar nos arredores da ilha nos últimos anos e mantém patrulhas aéreas e navais quase diárias. Para responder à pressão, os exercícios de 2025 vão simular desde incursões de “zona cinzenta” até tentativas de desembarque, segundo Koo.
O ministro afirmou que o objetivo das manobras é testar a capacidade de defesa da ilha e “passar à China a mensagem de que as Forças Armadas do país têm confiança e capacidade de proteger uma vida livre e democrática”.

Pela primeira vez, o exercício usará os sistemas de foguetes Himars (sistemas de foguetes de alta mobilidade), fabricados pela empresa norte-americana Lockheed Martin, e os mísseis superfície-ar Sky Sword, desenvolvidos localmente. Os testes também incluirão ações de resposta a ataques de alta intensidade.
A declaração ocorreu durante uma reunião do comitê criado pelo presidente Lai Ching-te para fortalecer a resiliência de Taiwan diante de uma possível ofensiva chinesa. O governo de Lai tem reforçado que cabe apenas aos taiwaneses decidir seu futuro e rechaça qualquer reivindicação de soberania por parte de Beijing.
China mantém a pressão
No mesmo dia, o Ministério da Defesa de Taiwan informou que 21 aeronaves e navios de guerra chineses realizaram mais uma patrulha conjunta nos arredores da ilha. Em resposta, um porta-voz da Defesa chinesa acusou Lai de tentar “provocar e escalar a confrontação através do Estreito de Taiwan” e prometeu intensificar o preparo militar da China.
“O Exército de Libertação Popular (ELP) não tolerará os atos separatistas da independência de Taiwan”, disse Zhang Xiaogang. “Continuaremos a fortalecer nosso treinamento militar e preparação de combate e defenderemos resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial.”
Por que isso importa?
Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.
Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.
Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.
A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.