Taiwan anuncia novos exercícios militares e promete resistir à pressão da China

Ministro da Defesa diz que manobras demonstram capacidade de proteger estilo de vida democrático da ilha

Taiwan pretende usar seu maior exercício militar anual para mostrar que está pronta para se defender de um eventual ataque da China. A afirmação foi feita na quinta-feira (26) pelo ministro da Defesa, Wellington Koo, ao apresentar os detalhes das manobras Han Kuang, que terão início no próximo mês. As informações são da agência Reuters.

O governo de Beijing intensificou sua presença militar nos arredores da ilha nos últimos anos e mantém patrulhas aéreas e navais quase diárias. Para responder à pressão, os exercícios de 2025 vão simular desde incursões de “zona cinzenta” até tentativas de desembarque, segundo Koo.

O ministro afirmou que o objetivo das manobras é testar a capacidade de defesa da ilha e “passar à China a mensagem de que as Forças Armadas do país têm confiança e capacidade de proteger uma vida livre e democrática”.

Integrantes da Força Aérea de Taiwan (Foto: facebook.com/cafhq)

Pela primeira vez, o exercício usará os sistemas de foguetes Himars (sistemas de foguetes de alta mobilidade), fabricados pela empresa norte-americana Lockheed Martin, e os mísseis superfície-ar Sky Sword, desenvolvidos localmente. Os testes também incluirão ações de resposta a ataques de alta intensidade.

A declaração ocorreu durante uma reunião do comitê criado pelo presidente Lai Ching-te para fortalecer a resiliência de Taiwan diante de uma possível ofensiva chinesa. O governo de Lai tem reforçado que cabe apenas aos taiwaneses decidir seu futuro e rechaça qualquer reivindicação de soberania por parte de Beijing.

China mantém a pressão

No mesmo dia, o Ministério da Defesa de Taiwan informou que 21 aeronaves e navios de guerra chineses realizaram mais uma patrulha conjunta nos arredores da ilha. Em resposta, um porta-voz da Defesa chinesa acusou Lai de tentar “provocar e escalar a confrontação através do Estreito de Taiwan” e prometeu intensificar o preparo militar da China.

“O Exército de Libertação Popular (ELP) não tolerará os atos separatistas da independência de Taiwan”, disse Zhang Xiaogang. “Continuaremos a fortalecer nosso treinamento militar e preparação de combate e defenderemos resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial.”

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.

Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

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