Taiwan anunciou a proibição do uso da inteligência artificial DeepSeek por servidores públicos, alegando preocupações com segurança nacional e possíveis vazamentos de dados. A decisão, divulgada pelo Ministério de Assuntos Digitais na sexta-feira (2), segue medidas semelhantes adotadas por agências governamentais dos Estados Unidos. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).
A DeepSeek, criada em 2023, é uma empresa chinesa de inteligência artificial que desenvolve modelos de linguagem de código aberto. Seu chatbot ganhou popularidade rapidamente e, no final de janeiro, chegou a superar o ChatGPT como o aplicativo gratuito mais baixado nos EUA.
Apesar do sucesso, o modelo tem sido alvo de críticas por suas conexões com o governo chinês, além de preocupações sobre privacidade e censura de informações. “Órgãos governamentais e infraestruturas críticas não devem utilizar DeepSeek, pois isso coloca em risco a segurança das informações nacionais”, declarou o Ministério de Assuntos Digitais de Taiwan.
O comunicado oficial acrescentou que “o serviço de IA DeepSeek é um produto chinês. Sua operação envolve transmissão transfronteiriça e levanta preocupações sobre vazamento de informações e segurança digital”.

A proibição atinge funcionários de órgãos do governo central e local, escolas públicas, empresas estatais e outras entidades semioficiais, além de pessoas envolvidas em projetos de infraestrutura crítica ou fundações financiadas pelo governo. No entanto, não foram detalhados os mecanismos para fiscalizar e aplicar a restrição.
O legislador Wang Ting-yu, do governista Partido Progressista Democrático, pediu que empresas e cidadãos também evitem o uso da ferramenta, alertando sobre riscos cibernéticos. “É importante que todos sejam mais vigilantes em relação à segurança digital”, afirmou.
Nos Estados Unidos, algumas agências federais já haviam restringido o uso da DeepSeek. A Marinha americana proibiu totalmente o chatbot, citando “preocupações de segurança e éticas relacionadas à origem e ao uso do modelo”. A Nasa também determinou que a ferramenta não fosse utilizada por seus funcionários, apontando riscos associados à operação dos servidores fora do país.
No Japão, o ministro da Transformação Digital, Masaaki Taira, declarou que os funcionários públicos devem evitar a DeepSeek, para assim proteger dados sensíveis. “A questão é se as informações pessoais estão devidamente protegidas”, disse, sugerindo que o governo pode reforçar medidas de controle sobre o uso da IA.
A polêmica envolvendo a DeepSeek também se intensificou no Japão após o deputado Itsunori Onodera, do Partido Liberal Democrata, afirmar que o chatbot era “perigoso” por ter respondido a uma pergunta sobre as ilhas disputadas entre China e Japão afirmando que elas “sempre foram parte inerente do território chinês”. O primeiro-ministro Shigeru Ishiba reagiu à declaração, reforçando a necessidade de Tóquio desenvolver suas próprias soluções confiáveis de inteligência artificial.
Na Coreia do Sul, a Comissão de Proteção de Informações Pessoais anunciou que enviará uma solicitação formal à DeepSeek para esclarecer seus métodos de coleta e armazenamento de dados, além do uso das informações captadas. Caso necessário, o governo sul-coreano poderá iniciar uma investigação sobre a empresa.
Na Europa, a Comissão de Proteção de Dados da Irlanda também requisitou informações à DeepSeek sobre o tratamento de dados de cidadãos europeus. O governo do Reino Unido disse estar analisando o impacto da tecnologia na segurança nacional, enquanto a Itália bloqueou o aplicativo por questões de privacidade e iniciou uma investigação sobre suas práticas. Autoridades alemãs avaliam a adoção de medidas regulatórias contra o chatbot.
Até o momento, a DeepSeek não se pronunciou oficialmente sobre as restrições e preocupações levantadas por governos ao redor do mundo.