USP: Em Mianmar, povo pede desculpas pelo massacre da etnia rohingya

Professora da USP analisa iniciativas que pedem cidadania às minorias birmanesas durante protestos contra golpe

Este conteúdo foi publicado originalmente pelo Jornal da USP (Universidade de São Paulo)

Após o golpe militar em Mianmar, a população saiu às ruas, num movimento de desobediência civil que, segundo a professora Marília Fiorillo, jamais foi visto por lá.

O fato é que centenas de milhares de pessoas foram às ruas nas principais cidades, mas de forma pacífica, “em que as táticas empregadas fala muito sobre a geração que lidera esse movimento: painéis de arte, pichações, adesivos colocados em toda parte, gente deitada nas linhas de trem e, principalmente, a tática do carro quebrado”. 

Protestos contra o golpe militar de Mianmar, na capital Naipidau, em 9 de fevereiro de 2021 (Foto: Divulgação/Ninjastrikers)

Uma mobilização inesperada, que rendeu a prisão de cerca de 500 pessoas.

“A grande novidade, a maior delas, foram os cartazes pedindo desculpas pelo massacre dos rohingya”, sublinha Marília, não sem antes lembrar que a solidariedade com as minorias é completamente inédita naquele país.

Ela acrescenta que o general que comandou o golpe prometeu na TV repatriar os rohingya para uma província, mas, ao mesmo tempo, a colunista lembra que os militares que promoveram o massacre são acusados de genocídio, razão pela qual “os representantes dos rohingya no exílio consideram esse aceno uma armadilha e temem que a repatriação seja apenas para chinês ver.”

Por fim, conclui: “Seria temerário prever a evolução dos acontecimentos, mas essa iniciativa dos jovens para mudar a opinião pública sobre as invisíveis minorias, dando-lhes cidadania, é talvez o fato mais importante dessas manifestações. A sociedade birmanesa começa a desejar não só uma democracia, mas uma democracia inclusiva”.

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