O Ramadã, mês de jejum e orações do calendário religioso islâmico, teve início nesta quinta (23). Mas, por causa da pandemia do novo coronavírus, a maioria dos muçulmanos terá que renunciar às orações comunitárias e reuniões familiares.
Os espaços religiosos islâmicos se encontram vazios diante das restrições de circulação, impostas pelos governos para frear a disseminação do Covid-19.
Os países de maioria muçulmana determinaram as restrições em meados de março, cancelados as orações de sexta-feira e locais sagrados.
A Arábia Saudita, por exemplo, fechou grande parte de Meca e Medina, interrompendo as peregrinações a dois dos locais mais sagrados para os muçulmanos.
Na Malásia, mercados de Ramadã, onde há venda de comidas, bebidas e roupas, foram proibidos. Esses locais são fonte importante de renda para muitos comerciantes, e alguns aderiram ao ecommerce.
Já no Paquistão, o primeiro-ministro Imran Khan cedeu à pressão e permitiu a reabertura das mesquitas, mesmo ante crescimento do número de casos confirmados do coronavírus para entre 600 e 700 por dia.
Além das orações, a caridade é um elemento importante no Ramadã. Parte do jejum é dedicado ao cultivo da empatia para quem necessita. Com as restrições à refeições comunitárias, muitas instituições de caridade passaram a fazer doações em domicílio.

Surto na Ásia
Os primeiros casos de contaminação na Ásia, onde residem a maior parte dos 1,8 bilhão de muçulmanos do mundo, foram rastreados a peregrinos voltando do Irã e da Arábia Saudita e indo para o Afeganistão e Paquistão.
Houve também registros entre reuniões de grupos islâmicos na Índia e na Malásia. Por esse motivo, muitos países da região pedem que sua população respeite as medidas de distanciamento social mesmo durante o Ramadã.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a Ásia registrava cerca de 38,5 mil casos confirmados do novo coronavírus até a tarde desta sexta (24).