Cresce uma reação negativa global cresce contra a China pelo que foi considerado má gestão nas primeiras semanas da crise do coronavírus. Isso porque a inação de Beijing teria permitido que a doença se alastrasse pelo resto do mundo. As informações, deste domingo (3), são do jornal “The New York Times”.
A China vem respondendo de maneira agressiva a outros países. Em geral, a tática é combinar o envio de ajuda médica a outros países com uma retórica nacionalista dura. Beijing também tem exigido “gratidão” por ajudas prestadas pelo país e feito ameaças no âmbito econômico às nações que se opõem a suas políticas.
Mesmo antes do vírus, Beijing mostrava uma abordagem agressiva às relações públicas, estilo chamado de diplomacia “lobo guerreiro”. O nome é uma referência ao filme chinês de mesmo nome, de 2015, que coloca os norte-americanos como líderes de mercenários.
Respostas agressivas
Uma geração mais jovem de diplomatas tem tentado provar sua lealdade ao país com mensagens nacionalistas – e, por vezes, ameaçadoras – nos países onde estão lotados. As afirmações têm encorajamento do presidente Xi Jinping e do Departamento de Propaganda do Partido Comunista Chinês.
Desde o surgimento do vírus, o tom desses funcionários do governo endureceu, dando sinais de como o coronavírus é visto como ameaça pelos líderes chineses. No entanto, essa aspereza é interpretada por especialistas como um tiro no pé no objetivo da China de uma ascensão pacífica como superpotência global.
Nos últimos dias, o governo da Austrália anunciou sua intenção de investigar a origem e disseminação do vírus. A resposta da China foi que o país seria um “chiclete na sola do sapato”.
O governo chinês alertou que o governo de Sydney estava arriscando danos a longo prazo em sua parceria comercial com o país. O país compra, por ano, cerca de um terço das exportações australianas e é seu maior parceiro comercial.
Reações contrárias à China
Nas últimas semanas, embaixadores chineses na França, Cazaquistão, Nigéria, Quênia, Uganda, Gana e na União Africana foram convocados por seus anfitriões. Essas nações exigiram explicação sobre acusações que vão desde difusão de desinformação até “maus-tratos racistas” a africanos na cidade chinesa de Cantão.
Também na semana passada, a China ameaçou suspender a ajuda médica à Holanda por incluir o nome Taipé ao escritório de representação holandesa em Taiwan. A ilha é considerada uma “província rebelde” da China, que reivindica o território desde a revolução comunista, em 1949.
A embaixada chinesa em Berlim também se indispôs publicamente com o jornal “Bild”. O motivo da disputa foi o pedido de uma indenização de US$ 160 bilhões, por parte da China, para pagar danos causados pelo coronavírus à Alemanha.
O presidente norte-americano, Donald Trump, ainda afirma que o vírus poderia ter surgido acidentalmente em um laboratório de armas em Wuhan. A afirmação é vista com ceticismo por agências de inteligência.
Na França, gerou mal-estar recentes declarações de diplomatas chineses. Entre elas, uma acusação de que o país teria deixado cidadãos mais velhos morrerem em lares para idosos.
Também no Brasil houve críticas recentes ao governo chinês. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) acusou Beijing em rede social de esconder informações sobre o vírus. “Mais uma vez a ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste. A culpa é da China.”
O embaixador em Brasília, Yang Wanming, exigiu desculpas. “As palavras dele ferem não só a nação chinesa como o sentimento do povo chinês.”