Desinformação atrasa força-tarefa de Uganda para imunizar refugiados

Boatos fazem com que agentes de saúde precisem passar de casa em casa para convencer refugiados sobre vacinação

A desinformação tem atrasado a vacinação contra a Covid-19 na população de refugiados de Uganda. Com boatos espalhados sobre doenças e efeitos adversos causados pela vacina, as equipes de saúde precisam passar de casa em casa para convencer os mais velhos a receber as doses.

“Rumores sobre reações adversas, como febre e vômitos, assustaram”, relatou o agente de saúde Moses Lomoro à emissora VOA (Voice of Africa). Segundo ele, refugiados mais jovens que têm acesso às redes sociais também estão distribuindo informações falsas nos assentamentos.

O principal receio é que a vacina agrave os problemas de saúde já desenvolvidos pelos moradores. “Eu tenho pressão alta, úlcera e malária“, relatou Mary Nyoka, de 65 anos. “Já temos idade suficiente. Eles estão nos dando uma vacina para nos matar? Estou com medo, estão nos fazendo assinar um termo de consentimento”.

Desinformação atrasa força-tarefa de Uganda para imunizar refugiados
Vacinação contra a Covid-19 via Covax em Kampala, Uganda, março de 2021 (Foto: Unicef/Adrian Musinguzi)

O termo de consentimento foi uma alternativa encontrada pelo ministério da Saúde ugandês para evitar eventuais processos judiciais no futuro.

Lomoro explica que os termos são assinados após uma “sessão de aconselhamento” em que os agentes explicam todos os efeitos adversos da vacina, assim como seu funcionamento no organismo e a importância dela para conter a Covid-19.

“Como acontece com qualquer vacina, não há certeza de que ficarei imune ou de que não experimentarei nenhum evento adverso da vacina. Eu voluntariamente assumo total responsabilidade por quaisquer eventos que possam resultar devido à vacinação”, diz o termo.

Acolhimento

Uganda acolhe cerca de 1,5 milhão de refugiados e requerentes de asilo, a maioria do Sudão do Sul. As vacinas foram direcionadas aos refugiados com mais de 50 anos depois que as autoridades imunizaram 453 mil dos 44 milhões de habitantes do país.

A desinformação já se espalha para os moradores locais, que acreditam que a vacina contra a Covid-19 traz “risco de morte”. “Teremos que redefinir nossas mensagens para mostrar e convencer de que o risco é apenas o de sofrer efeitos colaterais leves”, disse a médica Balizina Emmy.

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