Um novo levantamento da OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostra que as horas de trabalho perdidas devido à pandemia de Covid-19 serão maiores do que o previsto anteriormente. A projeção, divulgada nesta quinta-feira (28), indica uma queda de 4,3% nas horas de trabalho globais, em comparação aos números de 2019, o que equivale a 125 milhões de empregos em tempo integral.
Diante dos novos números, a entidade faz um alerta: sem financiamento nem apoio técnico, haverá uma enorme divergência na recuperação dos empregos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Isso porque as estatísticas mostram grande desigualdade entre os dois blocos de países. No terceiro trimestre de 2021, o total de horas trabalhadas em países de renda alta foi 3,6% mais baixo do que no quarto trimestre de 2019, antes da pandemia. Já nos países de renda média-baixa, a lacuna foi de 7,3%, mais que o dobro.
A OIT também faz uma avaliação regional, sendo que as menores perdas de horas trabalhadas ocorreram na Europa e na Ásia Central. Por outro lado, África, Américas e países árabes sentiram o maior impacto.
O estudo explica que a divergência aconteceu devido a grandes diferenças em relação à aplicação das vacinas da Covid-19 e de pacotes de estímulo fiscal. Para cada 14 pessoas que receberam a dose completa da vacina, um posto de trabalho em tempo integral foi adicionado ao mercado de trabalho global.
A OIT confirma que, sem a imunização contra o coronavírus, as horas perdidas de trabalho chegariam a 6%, mais do que as 4,8% atuais. Além das vacinas, pacotes de estímulos fiscais continuam sendo outro fator importante para a recuperação do setor.
Ainda assim, 86% das medidas de estímulo estão concentradas nos países de renda alta. A Covid-19 também teve um impacto na produtividade dos trabalhadores, sendo que a lacuna entre economias avançadas e menos desenvolvidas foi de 17.5:1 para 18:1 em termos reais.
O diretor-geral da OIT, Guy Ryder, declarou que o mercado de trabalho está numa trajetória estável de recuperação, mas existe uma grande divergência entre economias desenvolvidas e em desenvolvimento.
Ryder destacou ainda que “de forma dramática, a distribuição desigual de vacinas e de capacidades fiscais estão liderando essas tendências e são dois fatores que precisam ser tratados com urgência”.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News