Os pedidos de ajuda e de apoio cresceram na Palestina desde a imposição de medidas de restrição que mantêm a população dentro de casa, durante a pandemia do novo coronavírus.
Uma pesquisa de 2019, realizada pela Central de Estatísticas da Palestina, aponta que quatro a cada dez mulheres sofrem com a violência na Faixa de Gaza. A situação só piorou com o surgimento da doença.
No entanto, atualmente, com as famílias enfrentando a quarentena, pressões financeiras e a ansiedade relacionada à pandemia, especialistas apontam que houve um aumento dramático no número de pedidos de ajuda.
Ao UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), uma mulher que preferiu não se identificar afirmou que a crise de saúde pública piorou as agressões físicas e verbais sofridas praticadas pelo marido contra ela.
“Às vezes sinto que esse é um pesadelo e que eventualmente irei acordar, mas é um pesadelo sem fim e eu não sei quanto tempo mais vou aguentar”, afirma a moradora do campo Al-Bureij, um dos mais pobres da Faixa de Gaza.
Ajuda reduzida
Com o atual cenário, devido as restrições de movimentação, houve uma redução no apoio a quem foge da violência de gênero. O acesso a espaços seguros e ao atendimento presencial foram reduzidos ou, em alguns casos, suspensos.
As organizações que prestam apoio a essas mulheres tentam se adaptar às novas demandas. No entanto, muitas vezes falta o financiamento adequado para essas ações.
Na Cisjordânia, 15 organizações migraram para operações remotas de atendimento. Já na Faixa de Gaza, nove entidades fizeram a mudança.
Ligadas ao UNFPA, essas organizações providenciaram linhas diretas e grupos de bate-papo online para fornecer apoio e encaminhar casos de emergência.
Alimentos e kits com produtos de higiene estão sendo distribuídos, assim como informação sobre como receber apoio e proteção. Estão sendo fornecidos também atendimentos com advogados, psicólogos e assistentes sociais.
Até o fim de abril, esses grupos atenderam mais de 3 mil mulheres e meninas em Gaza e 3 mil pessoas na Cisjordânia. O número é 20% maior que o registrado no mês de março deste ano.
Saúde mental
Os prestadores de serviço dizem que houve um aumento no número de atendimentos também para assuntos não relacionados à violência doméstica.
O medo de se infectar ou ter parentes e amigos contaminados pelo vírus aumenta o estresse na Palestina.
As organizações tentam ajudar por meio de informações de prevenção e elaboração de planos para gerenciar os riscos. Entre eles está a criação de um espaço de quarentena em casa.