Refugiados rohingyas que vivem em Bangladesh têm usado bicicletas para divulgar informações que auxiliam no combate à pandemia do novo coronavírus em Cox’s Bazar, o maior campo de refugiados do mundo.
Os ciclistas usam megafones para entregar mensagens pré-gravadas em várias áreas do acampamento e driblar as limitações de acesso telefônico e rodoviário. A ação acontece com o apoio da OIM (Organização Internacional para Migrações),
Segundo a OIM, as mensagens divulgadas pelas bicicletas — gravadas em inglês, rohingya e bengali — já teriam chegado a 67 mil refugiados.
“Estou muito feliz em desempenhar um papel na minha comunidade, fornecendo informações no acampamento. Agora posso sustentar minha família com uma renda do trabalho”, contou Mohammed Hasan à OIM.
Enfrentar a pandemia em um local como o acampamento de Cox’s Bazar tem sido um desafio, devido ao número de pessoas que vivem no local.
Para comparação, Bangladesh é um dos países de maior densidade populacional no mundo: são 1.093 pessoas por quilômetro quadrado – o Brasil tem 23,8.
Isso significa que, nos acampamentos rohingyas, onde cada barraca tem apenas dez metros quadrados e muitas abrigam até 12 moradores, são 43,7 mil pessoas em um quilômetro quadrado.
Além disso, segundo a agência de notícias Reuters, os refugiados têm evitado realizar os testes, mesmo quando apresentam sintomas do novo coronavírus, por terem medo de se separar das famílias para cumprir o isolamento.
Até segunda (8), apenas 339 testes haviam sido aplicados. De acordo com a OIM, até quarta (10), 37 refugiados rohingyas haviam sido diagnosticados com a doença. O primeiro caso foi confirmado no dia 15 de maio.
Rohingya
A maioria dos muçulmanos rohingya fugiu do vizinho Mianmar e ocupa a região desde 2017. Naquele ano, os militares birmaneses lançaram operações, consideradas ações deliberadas de limpeza étnica, contra ataques rebeldes.
As autoridades birmanesas consideram os rohingya como migrantes de Bangladesh, embora muitas famílias vivam no país – de maioria budista – há séculos. Boa parte teve a cidadania negada a partir de 1982, tornando-se apátrida.
As forças de segurança de Mianmar são acusados de atos como assassinatos e queima de milhares de casas. Aos rohingya também foram negados livre circulação e outros direitos básicos, como o acesso à educação.