Enquanto a pandemia do novo coronavírus se alastra pelo Peru, imigrantes venezuelanos trabalham como agentes funerários. Para exercer a função, é preciso ter contato direto com o corpo dos mortos pela doença. As informações são da agência de notícias Associated Press.
O Peru é a casa de cerca de 865 mil venezuelanos em abril. Com a pandemia, muitos deixaram o país pela falta de emprego, que já resultou em uma retração de 16,25% no PIB peruano neste bimestre.
Outros encontraram uma maneira, embora insalubre, de continuar trabalhando. Diante da recusa de casas funerárias e dos policiais peruanos — mais de 5 mil foram diagnosticados com o Covid-19 e 92 morreram — em atender chamados de mortes pelo coronavírus, restou aos venezuelanos assumir o posto.
O cansativo e perigoso trabalho de recuperar os corpos em casas de famílias peruanas é feito com equipamentos de proteção, como roupas e óculos especiais. Mesmo assim, o alto risco gera preocupação entre os trabalhadores.
Grave crise
Apesar das restrições rigorosas, o Peru já registrou 99,4 mil casos confirmados e 2,9 mil mortes, de acordo com dados divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta quinta (21).
O Peru já ultrapassou a China, primeiro país atingido pelo Covid-19, em número de casos. O território chinês teve até agora 84 mil confirmações de infecção e 4,6 mil mortes.
Desde o dia 15 de março, o governo peruano fechou o omércio e proibiu todo o tipo de movimentação não essencial. As restrições estão previstas para acabar neste domingo (24).
O governo considera a pandemia do coronavírus a mais devastadora crise de saúde do país desde 1492. O desembarque dos espanhóis nas Américas trouxe doenças, como varíola e sarampo, que dizimaram milhões de indígenas.