A ordem do governo da Índia de suspender mais de 250 contas do Twitter na terça-feira (2) é a mais recente tática de desincentivo dos protestos de agricultores no país, que tomaram grandes proporções desde dezembro.
Apesar de o Twitter ter revogado o bloqueio horas depois da suspensão, sites de notícias, artistas e ativistas foram silenciados após manifestações sobre a violência em Nova Délhi contra os manifestantes.
O governo argumentou que a suspensão de 12 horas nas contas serviria para sancionar usuários que “incitavam a violência” nos protestos, informou o diário britânico “The Guardian”.
O imbróglio começou quando a cantora Rihanna compartilhou uma reportagem sobre o bloqueio da internet nos locais de protesto, no dia 26. “Por que não estamos falando sobre isso?”, questionou ela em um tuíte que rendeu cerca de 800 mil curtidas.
Os bloqueados incluem o portal jornalístico Caravan India, o comentarista político Sanjukta Basu, o ativista Hansraj Meena, o ator Sushant Singh e o presidente executivo da emissora estatal Prasar Bharti, Shashi Shekhar Vempati.
Outros dois perfis relacionados aos protestos dos agricultores, Kisan Ekta Morcha e Tractor2Twitr, também saíram do ar. “Isso é censura”, protestou o diretor da Caravan, Vinod Jose.
Protestos
O endurecimento ocorre após dez rodadas frustradas de negociação entre o governo e sindicatos de agricultores, que se opõem a três leis agrícolas. O pacote deixa os produtores à mercê de grandes empresas de alimentos, extinguindo a já restrita margem de negociação, diz o movimento.
Na comemoração do dia da República da Índia, no último dia 26, os agricultores romperam barricadas e protestaram em marcha rumo ao centro de Nova Délhi. Tropas de choque contiveram os manifestantes. Um agricultor morreu e centenas ficaram feridos.
As manifestações começaram ainda em junho de 2020 e já reúnem mais de 250 milhões de agricultores em toda o país. Estima-se que cerca de 70 trabalhadores morreram desde o início dos acampamentos nos arredores de Nova Délhi, no início de dezembro.