Na Índia, agricultores protestam há 150 dias por prejuízos após nova lei

Manifestações já reúnem 250 milhões indianos contrários às novas normas de flexibilização econômica e trabalhista

Os protestos que já reúnem cerca de 250 milhões de agricultores em toda a Índia desde junho não foram suficientes para reverter as reformas legislativas que flexibilizam direitos trabalhistas.

A reunião desta terça (1), que prometia dar um ponto final às manifestações, terminou sem nenhuma conclusão, informou o jornal indiano “Hindu Times”.

Os sindicatos de agricultores rejeitaram a proposta do governo em criar um pequeno comitê de especialistas para examinar as leis. Uma nova reunião está prevista para esta quinta-feira (3).

Os protestos se intensificaram desde a última quarta (25), quando milhares de agricultores montaram acampamento em duas das principais vias de acesso à capital Nova Délhi, nos estados de Punjab e Haryana.

Na Índia, negociações com agricultores não avançam após 150 dias de protestos
Protestos de agricultores em Burari, em novembro de 2020 (Foto: Twitter/IANS)

“Queremos que o governo suspenda as três leis durante as negociações, mas nos disseram que isso não é possível”, disse um dos líderes do sindicato do Punjab, Darshan Pal. “Eles querem criar um comitê, mas isso nunca dará certo”.

Apesar dos apelos do governo do primeiro-ministro Narendra Modi pedir pela interrupção dos protestos, os agricultores estão dispostos a resistir “até o fim”, afirmou Pal.

Até agora, Nova Délhi já fracassou nas negociações com mais de 30 sindicatos do Punjab. A equipe de ministros também não mudou, mesmo em meio à crescente adesão aos protestos.

Reivindicações dos protestos

Além da revogação das leis de flexibilização trabalhista, os agricultores também exigem uma garantia legal para o MSP (Suporte de Preço Mínimo, em inglês). Com o regime, o governo indiano pode estabelecer os preços dos produtos agrícolas.

Os produtores argumentam que a lei é um “decreto de morte” para os agricultores, já que muitos dos produtos, como trigo, milho e arroz, já são vendidos abaixo do preço de mercado.

Outra reivindicação é a retirada das contas de eletricidade especiais implantadas em 2020 – fator que poderia acabar com os subsídios de energia gratuita aos produtores.

A greve ocorre em um momento de acentuada recessão econômica na Índia. Com o segundo maior registro de infecções por Covid-19, o PIB (Produto Interno Bruto) indiano caiu 23,9% no primeiro semestre e o desemprego já alcança 27% da população.

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