Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONUNews, da Organização das Nações Unidas
Passados 100 dias após a tomada do poder pelos militares em Mianmar, continua a repressão de opositores de forma brutal, segundo o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Dados recolhidos até segunda-feira (11) indicam que pelo menos 782 pessoas morreram como resultado da atuação das forças de segurança. Em nota emitida em Genebra, o escritório indica que, ao mesmo tempo, continua se observando o movimento de desobediência civil.
O porta-voz Rupert Colville ressaltou que além da morte de manifestantes pacíficos e pessoas passando pelas ruas, as autoridades continuaram cometendo outras violações graves dos direitos humanos contra o povo de Mianmar.
Entre os abusos estão invasões a residências e escritórios privados, detenções, julgamentos à revelia, atos de punição coletiva e possíveis desaparecimentos forçados.
O escritório da ONU realça ainda que as autoridades militares birmanesas emitem mandados de prisão para ativistas da sociedade civil, sindicalistas, jornalistas, acadêmicos e figuras públicas. Parentes dessas pessoas são colocadas sob custódia como forma de exercer pressão.
Como parte dessas ações também se intensificaram as demissões, destituições ou suspensões de funcionários públicos, principalmente mulheres. A medida serve para pressioná-los a voltar ao trabalho.
Educação
Dos mais de 3 mil funcionários públicos visados, quase 70% são do sexo feminino. O escritório informou que os suspensos nos últimos dias incluem 990 professores universitários, pesquisadores e auxiliares por não comparecerem ao trabalho. Somente na segunda-feira, mais 11 mil funcionários da educação teriam sido punidos com a medida.
Os países vizinhos já acolhem pessoas fugindo do país com a intensificação do conflito armado entre as forças do Exército, o Tatmadaw, e algumas organizações armadas étnicas. Elas buscam proteção e apoio nessas regiões.
O escritório pede um maior envolvimento da comunidade internacional com a situação para evitar que práticas contrárias de militares aos direitos humanos piorem ainda mais em Mianmar.
Plano da Asean
O país concordou com um plano de cinco pontos adotado na reunião de líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático, Asean, em 24 de abril. O comunicado realça que a liderança militar de Mianmar ainda não deu sinais de cumpri-lo.
O apelo feito à organização regional é que reaja rapidamente a esta situação e intensifique as ações para garantir que os militares cumpram os compromissos e sejam responsabilizados se não o fizerem.