Porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh deixa a Rússia e vai para a Finlândia

Suspeita é que ela teria deixado o país pouco antes de sua condenação a 18 meses de prisão domiciliar entrar em vigor

Após ser sentenciada a um ano e meio de “liberdade restrita” pela Justiça de Moscou, Kira Yarmysh, porta-voz de Alexei Navalny, principal opositor do Kremlin, deixou a Rússia rumo à Finlândia nesta terça-feira (31). Ela é a última integrante da equipe sênior do político preso a ir para o exílio autoimposto, informou o portal bne IntelliNews.

Yarmysh teria deixado o país pouco antes de sua condenação entrar em vigor. Ela foi acusada de infringir normas sanitárias da Covid-19 ao participar das manifestações coletivas pró-Navalny em 23 e 31 de janeiro.

Por conta da perseguição do governo russo e da iminente possibilidade de prisão, muitos aliados de Navalny buscaram o exílio. Duas fontes não identificadas ouvidas pela agência independente russa Interfax relataram que Yarmysh teria ido para Helsinque, capital da Finlândia.

Nem ela nem outros membros da equipe de Navalny confirmaram ou negaram as informações, afirma o jornal independente Moscow Times.

Kira teria buscado exílio em Helsinque (Foto: Wikimedia Commons)

Yarmysh, reconhecida como aliada de primeira importância de Navalny, estava junto do político no voo da Sibéria para Moscou em agosto de 2020, quando ele sofreu envenenamento por novichok, um agente nervoso tóxico de invenção soviética que paralisa os músculos e pode levar à morte por asfixia.

Outras punições

Outras pessoas próximas a Navalny foram punidas sob acusações ligadas aos protestos de janeiro deste ano, quase sempre enquadradas no argumento de terem desrespeitado as normas sanitárias impostas em meio à pandemia de Covid-19.

Primeiro, Nikolai Lyaskin pegou um ano de “liberdade restrita”. Posteriormente, a mesma punição foi imposta à advogada Lyubov Sobol, que deixou o país pouco após tomar conhecimento da sentença. Os casos mais recentes são os de Oleg Stepanov, coordenador da equipe de Navalny, sentenciados a um ano e meio, e de Lyusya Shtein, deputada municipal e integrante do grupo feminista Pussy Riot, que pegou um ano.

A sentença de Oleg Navalny, irmão de Alexei, foi diferente. Ele foi condenado a um ano de prisão, com a pena suspensa pelo período probatório de um ano.

A pena de “liberdade restrita” é uma espécie de prisão domiciliar e passa a valer dez dias após o veredito. Ela obriga o réu a permanecer em casa no período entre 22h e 6h, bem como proíbe a presença em manifestações e as viagens ao exterior. O indivíduo também deve se apresentar à polícia regularmente.

Por que isso importa?

Alexei Navalny é o principal crítico do governo Putin. Ele está preso desde janeiro, quando retornou da Alemanha após cinco meses de recuperação médica.

Em fevereiro, um tribunal o condenou a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente no período em que estava em coma pela dose tóxica.

No final de julho, o governo bloqueou 49 sites ligados a Navalny. O Roskomnadzor, órgão regulador da internet e dos meios de comunicação, tirou do ar a página navalny.com e outras 48 pertencentes a pessoas e organizações ligadas ao opositor, declaradas pela Justiça como “extremistas”.

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