Coreia do Norte realiza teste de míssil com o maior alcance desde 2017

Embora Pyongyang não tenha feito provocações diretas aos EUA, teste pode sugerir uma ameaça ao território norte-americano

A Coreia do Norte realizou no domingo (30) um teste de míssil balístico com capacidade nuclear, o de maior alcance feito em Pyongyang nos últimos quatro anos, segundo noticiou a mídia estatal do país. O experimento, o 11° somente em 2022, teve como objetivo avaliar a precisão do modelo Hwasong-12, de acordo com a rede Voice of America (VOA).

A Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) divulgou imagens do míssil sendo disparado de um lançador móvel em uma área arborizada da região noroeste, além de registros do espaço feitos por uma câmera acoplada à ogiva que mostram a Terra. O Hwasong-12 tem um alcance máximo de cerca de 4,5 mil quilômetros, apontam analistas de defesa.

De acordo com militares da Coreia do Sul, o míssil teria atingido uma altitude máxima de cerca de 2 mil quilômetros, voando em um ângulo acentuado, antes de cair a uma distância de 800 quilômetros do local de lançamento. A trajetória “levou em consideração a segurança dos países vizinhos”, afirmou um relatório da KCNA divulgado nesta segunda-feira (31).

Imagens divulgadas pela Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA) mostram o teste com um míssil Hwasong 12 (Foto: KCNA/Reprodução)

O Hwasong-12 é o de maior alcance testado pelos norte-coreanos desde 2017, ano em que foram lançados dois mísseis balísticos intercontinentais bem em meio ao pico das turbulências entre Kim Jong-un e o então presidente dos EUA Donald Trump.

Os mísseis norte-coreanos eventualmente passam sobre o Japão, causando indignação entre as autoridades locais. Washington também normalmente interpreta tais exercícios como provocação, embora não tenha sido a narrativa sustentada pela mídia estatal em Pyongyang, que não usou nenhuma linguagem anti-EUA como as que ocorreram da última vez.

Analistas relatam que as intenções da nação insular foram as de “transmitir uma sensação de normalidade sobre seus lançamentos na tentativa de ser tratado como qualquer outro país que desenvolve suas próprias armas”, embora o país esteja proibido de executar atividades que envolvam lançamentos de mísseis balísticos por uma série de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Comunicados emitidos pelo Comando Indo-Pacífico dos militares dos EUA, pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in e pelo secretário-chefe do Gabinete do Japão, Hirokazu Matsuno, condenaram o lançamento.

Todo o alvoroço gerado pelo recorde de testagem de mísseis da Coreia do Norte em um único mês parece destinado a pressionar os Estados Unidos e a Coreia do Sul, o que ocorre em meio a uma pausa prolongada nas negociações nucleares. Mas Pyongyang tem outras motivações em vista para continuar com seus experimentos bélicos, entre elas a propaganda pró-Kim, a garantia de eficácia de novas armas e a demonstração de dissuasão.

Por que isso importa?

A movimentação militar de Pyongyang aumenta a tensão na região, já que o país tem encarado a Coreia do Sul e as demais nações ocidentais como “inimigas”. O regime comunista afirma que não há “necessidade de se sentar frente a frente com as autoridades sul-coreanas e não há questões a serem discutidas com eles”. Isso inclui a questão nuclear.

Ao lado de EUA e Japão, os sul-coreanos têm pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e cooperar para manter a paz e a estabilidade na península. As negociações pela desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.

A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do líder norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.

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