Homofobia ameaça campanha da Coreia do Sul contra o coronavírus

Minorias sexuais temem realizar testes de diagnóstico com medo de críticas da população

A Coreia do Sul registrou uma onda de ataques homofóbicos nas redes sociais, paralela aos novos casos do novo coronavírus, na última semana. Os ataques começaram depois que um jornal cristão publicou boatos de que um dos contaminados havia “ido a uma boate gay” no bairro boêmio de Itaewon, na capital Seul.

O primeiro paciente infectado pelo Covid-19 foi um homem de 29 anos que, de fato, visitou cinco bares e casas noturnas na região. Seu diagnóstico foi confirmado na quarta (6) e, desde então, houve 100 outras infecções sob as quais paira a suspeita de ligação com as baladas de Itaewon.

A faísca que faltava foi a publicação de uma notícia no jornal “Kookmin Ilbo”. Segundo a Associated Press, a postagem dizia que entre os locais visitados pelo homem estava uma casa noturna gay.

A publicação foi seguida por uma enxurrada de insultos homofóbicos nas mídias sociais, que culpavam o homem de colocar em risco a luta do país contra a pandemia.

Ativistas contra a homofobia criticaram a publicação. Já as autoridades alegam que as infecções em Itaewon podem ter começado muito antes de o homem contrair a doença.

A situação tem gerado um novo estigma aos gays, em meio aos temores de uma nova onda de contágios. Muitos agora temem represálias, que incluem risco de demissão caso precisem entrar em quarentena.

As opiniões sobre minorias sexuais na Coreia do Sul têm melhorado nos últimos anos, mas a homofobia ainda está enraizada no país, historicamente conservador.

Não é possível celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Também não há políticos ou grandes executivos abertamente homossexuais.

Centro de teste do coronavírus na Coreia do Sul (Foto: governo da Coreia do Sul/Flickr)

Novo pico

Os novos registros de infecção ameaçam os avanços do país contra o vírus. A média de 30 novos casos relatados por dia desde a última semana contrasta com os aumentos de apenas um digito nos registros de infecção, até então.

Autoridades de Seul e de outras cidades sul-coreanas ordenaram o fechamento temporário de todos os estabelecimentos noturnos. O Ministério da Educação também adiou por mais uma semana a reabertura das escolas.

Até segunda (11), as autoridades de Seul não conseguiram contato com mais de 3 mil pessoas que estiveram em Itaewon nos últimos dias.

Nesta terça (12), o ministro da Saúde Yoon Taeho informou que a polícia estava tentando localizar todos os possíveis contaminados.

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