Agência da ONU diz que achou minas terrestres nas imediações de usina nuclear

Equipe da AIEA diz que identificou explosivos "em uma zona tampão entre as barreiras internas e externas" de Zaporizhzhya

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, confirmou nesta terça-feira (25) que foram encontradas minas antipessoal nas imediações da usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia, atualmente ocupada pelas forças da Rússia.

Durante uma inspeção, a equipe da AIEA diz ter identificado os explosivos “em uma zona tampão entre as barreiras internas e externas” da usina, onde o pessoa da agência não foi autorizado a entrar. No entanto, não há sinais de minas antipessoal posicionadas dentro do perímetro interno da usina.

“Ter tais explosivos no local é inconsistente com os padrões de segurança da AIEA e as orientações de segurança nuclear e cria pressão psicológica adicional sobre a equipe da usina, mesmo que a avaliação inicial da AIEA, com base em suas próprias observações e nos esclarecimentos da usina, seja que qualquer detonação dessas minas não deve afetar os sistemas de segurança e proteção nuclear do local”, disse Grossi.

Rafael Mariano Grossi (à direita, de chapéu) em visita a Zaporizhzhya (Foto: Fredrik Dahl /IAEA – Flickr)

Ainda de acordo com o diretor-geral da agência da ONU (Organização das Nações Unidas), a descoberta específica foi informada às forças de ocupação russas, que classificaram a instalação das minas terrestres como “uma decisão militar” dentro de “uma área controlada por militares.”

A descoberta ocorreu durante mais uma inspeção realizada pela equipe da AIEA, que diz não ter identificado no entorno de Zaporizhzhya a presença de armamento pesado além das minas terrestres. Agora, a equipe reforça o pedido a Moscou para que tenha autorização para acessar os telhados dos reatores nucleares e salas de turbinas, o que ainda não foi concedido.

Instabilidade energética

Outra preocupação da AIEA é com o fornecimento de energia elétrica à usina, que continua instável. No final de semana, a linha principal mais uma vez foi interrompida, tendo sido temporariamente substituída pela linha de reserva, menos potente.

Zaporizhzhya conta apenas com uma única linha principal de energia de 750 quilovolts para funções essenciais, como resfriamento do reator e segurança nuclear, desde o início do conflito. Antes da invasão militar da Rússia na Ucrânia, a usina tinha quatro dessas linhas de energia. A única linha de reserva disponível é de 330 quilovolts.

“O evento destacou mais uma vez a frágil situação de poder externo do local durante o conflito militar. As usinas nucleares precisam de energia para o resfriamento do reator e outras funções essenciais de segurança e proteção nuclear”, diz a agência, reforçando uma preocupação antiga que ainda não foi solucionada.

A questão energética é especialmente delicada desde o rompimento da barragem Kakhovka, na região ucraniana de Kherson. O trágico incidente reduziu o nível de água nos reservatórios de resfriamento dos reatores e aumentou a possibilidade de uma tragédia nuclear, conforme alertou anteriormente a AIEA.

Embora ainda esteja sob ocupação russa, a usina é controlada por funcionários ucranianos que seguem no local.

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