Agência nuclear da ONU diz que combates perto de usina ucraniana estão ganhando força

O chefe da AIEA, Rafael Grossi, alertou que o fogo cruzado no entorno de Zaporizhzhia pode causar um "grande acidente" que não poupará ninguém

Em meia à sua segunda visita desde o início da guerra à usina nuclear de Zaporizhzhya, no sul da Ucrânia, o chefe de vigilância da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, alertou na quarta-feira (29) que as hostilidades em torno da instalação atômica correm o risco de evoluir para um “grande acidente nuclear que não poupará ninguém”. As informações são do jornal The New York Times.

“A atividade militar está aumentando em toda esta região, então todas as medidas e precauções possíveis devem ser tomadas para que a planta não seja atacada”, disse Grossi em coletiva de imprensa. E acrescentou: “Acho que não é segredo que há um aumento significativo no número de tropas na região”.

Central nuclear de Zaporizhzhya é ocupada pelas forças russas desde março de 2022 (Foto: Twitter/Reprodução)

Grossi também coordena ações em Zaporizhzhia que dão sequência aos esforços para negociar proteções para a usina, o que exigiria um acordo entre forças ucranianas e russas para que não abram fogo dentro ou fora da área. No entanto, as negociações pararam devido à recusa de Moscou em retirar suas tropas da usina, uma pré-condição ucraniana para um pacto.

“Houve diferentes conceitos nos quais estamos trabalhando. Inicialmente estávamos focando na possibilidade de estabelecimento de uma zona bem determinada ao redor da usina”, disse ele. “Agora o conceito está evoluindo e se concentrando mais na proteção em si e nas coisas que devem ser evitadas. É um trabalho em progresso”.

Ele ainda observou que há um aumento da presença militar de ambos os lados, bem como de equipamento bélico. “Nossas equipes também estão observando, ouvindo e vendo mais atividades militares, incluindo detonações, regulares, quase permanentes”, disse.

Apesar de os prédios que abrigam os seis reatores da maior usina da Europa serem revestidos de concreto armado, o que garante resistência, segundo especialistas, não há usina nuclear civil no mundo projetada para uma situação de guerra. A AIEA conta com uma equipe de especialistas dentro da usina desde setembro de 2022

A curto prazo, a maior preocupação é a de que um corte no fornecimento de eletricidade para a usina pode derrubar os sistemas de refrigeração, essenciais para a operação segura dos reatores. 

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