Apenas arsenal nuclear de Moscou impede o Ocidente de declarar guerra, diz Medvedev

Dmitry Medvedev é um dos defensores mais radicais da guerra na Ucrânia

Duas coisas impedem o Ocidente de iniciar um conflito contra a Rússia: o arsenal nuclear russo e as regras que Moscou estabeleceu para seu uso. A declaração foi dada em um artigo assinado pelo ex-presidente Dmitry Medvedev, hoje um aliado de primeira grandeza de Vladimir Putin. As informações são da agência Reuters.

Atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Medvedev, que já se apresentou como um “modernizador liberal”, também afirmou, em um texto de 4,5 mil palavras enviado ao jornal Rossiiskaya Gazeta e publicado no domingo (25), que Moscou dará sequência à invasão na Ucrânia até que o “regime repugnante, quase fascista” de Kiev chegue ao fim e o país seja totalmente desmilitarizado.

“O Ocidente está pronto para desencadear uma guerra total contra nós, incluindo uma guerra nuclear, nas mãos de Kiev?”, questiona o artigo, que acrescenta: “A única coisa que detém nossos inimigos hoje é o entendimento de que a Rússia será guiada pelos fundamentos da política de Estado… pela dissuasão nuclear. E, no caso de surgir uma ameaça real, ela agirá sobre eles”.

Vladimir Putin e Dmitry Medvedev durante encontro no Kremlin em 2020 (Foto: WikiCommons)

Com cerca de seis mil ogivas, Moscou possui o maior estoque de armas nucleares do mundo, segundo especialistas. Putin e outros altos funcionários já disseram repetidamente que a política da Rússia sobre armas nucleares permite que elas sejam usadas no caso de uma ameaça à segurança nacional.

“Se a Rússia não obtiver as garantias de segurança que exige, o mundo continuará à beira da Terceira Guerra Mundial e da catástrofe nuclear. Faremos tudo o que pudermos para evitá-la”, escreveu Medvedev.

A solução diplomática

Paralelamente à fala do ex-chefe do Kremlin, em entrevista transmitida pela à televisão estatal Rossiya 1 separadamente no domingo, Putin disse que a Rússia está pronta para negociar com todas as partes envolvidas na guerra. O entrave, segundo ele, seriam Kiev e seus aliados ocidentais, que se recusam a sentar à mesa de negociações.

“Estamos prontos para negociar com todos os envolvidos sobre soluções aceitáveis, mas isso é com eles. Não somos nós que nos recusamos a negociar, são eles”, disse Putin na entrevista repercutida pela Reuters.

Putin ainda afirmou que Moscou vem “agindo na direção certa” em defesa dos interesses nacionais e do povo. “E não temos outra escolha a não ser proteger nossos cidadãos”, acrescentou.

O diretor da CIA, William Burns, disse neste mês que, embora a maioria dos conflitos termine em negociação, a avaliação da CIA é de que a Rússia ainda não leva a sério as negociações reais.

Autoridades dos EUA dizem que o líder russo não demonstrou disposição para negociar com Kiev. Entre eles o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que afirma que há um desinteresse de Putin por um desfecho no conflito.

No início deste mês, Putin disse que o risco de uma guerra nuclear estava aumentando, mas insistiu que a Rússia não “enlouqueceu” e que vê seu próprio arsenal nuclear como um impedimento puramente defensivo.

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