EUA contestam projeção de paz feita por Putin: ‘Nenhuma indicação’ de que queira negociar

Chefe do Kremlin disse que quer dar fim à guerra na Ucrânia e que isso envolveria, inevitavelmente, uma solução diplomática

Passados dez meses de conflito, o presidente Vladimir Putin disse na quinta-feira (22) que Moscou quer o fim da guerra na Ucrânia e que o cessar-fogo passa por uma solução diplomática. Porém, autoridades dos EUA dizem que o líder russo não demonstrou disposição para negociar com Kiev. As informações são da agência Reuters.

Em coletiva de imprensa, o chefe do Kremlin afirmou que estaria buscando “uma solução rápida para a guerra”. A declaração foi dada um dia após a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky à Casa Branca, onde se encontrou com o homólogo norte-americano Joe Biden.

O evento serviu para Washington reforçar a aliança com Kiev, que já rendeu cerca de US$ 45 bilhões em ajuda militar para as tropas ucranianas se defenderem da agressão da Rússia

No entanto, a alegada busca pela paz de Putin não condiz com seu comportamento, segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. Ele disse a repórteres que as ações do russo mostram “exatamente o contrário”. E acrescentou que que Putin “demonstrou absolutamente nenhuma indicação de que está disposto a negociar” o fim da invasão, iniciada em 24 de fevereiro.

O presidente russo disse esperar que o conflito termine “e quanto mais cedo, melhor” (Foto: Kremlin.ru/Divulgação)

Kirby também disse que Biden está aberto a negociações com Putin. Mas isso só deve acontecer se o russo mostrar “seriedade nas negociações” e após consultas à Ucrânia e a aliados dos EUA.

Quem compartilha da mesma visão de Kirby sobre o desinteresse de Putin por um desfecho no conflito é o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Segundo ele, Moscou não manifestou interesse real em uma diplomacia significativa para encerrar a guerra.

O líder russo disse que, “cedo ou tarde, quaisquer partes em conflito sentam-se e fazem um acordo”. E acrescentou: “Quanto mais cedo essa percepção chegar àqueles que se opõem a nós, melhor. Nunca desistimos disso”.

Mas a fala não convenceu Kiev e seus aliados, que suspeitam que o fato de Moscou se dizer aberta a negociações seria uma manobra para ganhar tempo após uma série de derrotas e retiradas russas que mudaram as peças no tabuleiro em favor do país invadido.

Putin também fez pouco caso do avançado sistema de defesa antiaérea Patriot, que faz parte domais recente pacote de armamentos prometido pelos EUA à Ucrânia. Segundo ele, trata-se de um armamento anacrônico e seu exército encontraria uma forma de combatê-lo.

“Um antídoto sempre será encontrado”, disse ele, prometendo que a Rússia “quebraria” o Patriot.

O sistema de defesa foi implantado pela primeira vez na década de 1980 e pode atingir aeronaves, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos de curto alcance.

Especialistas em defesa dizem que é um dos sistemas de defesa antimísseis mais confiáveis, ​​que pode ajudar a Ucrânia a se defender de mísseis balísticos fornecidos pelo Irã. É extremamente improvável, no entanto, que seja suficiente para garantir uma vitória ucraniana, mesmo que a longo prazo.

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