Na segunda-feira (13), uma dia após o presidente Vladimir Putin anunciar a demissão do ministro da Defesa Sergei Shoigu, uma autoridade da pasta foi presa na Rússia sob a acusação de corrupção. De acordo com a agência Associated Press (AP), o acusado é o tenente-general Yury Kuznetsov, chefe da principal diretoria de pessoal do Ministério.
O Comitê de Investigação, agência estatal encarregada de apurar casos criminais, informou que Kuznetsov é acusado de aceitar um “suborno excepcionalmente elevado”, com pena máxima prevista de 15 anos de prisão. Ele teria recebido o dinheiro antes de chegar ao Ministério, quando atuava no setor de preservação de segredos de Estado do Estado-Maior das Forças Armadas.
Durante a operação que levou à prisão do militar, agentes das forças de segurança teriam realizado uma busca no apartamento dele em Moscou, onde localizaram moedas de ouro, artigos de luxo diversos e dinheiro em espécie no montante de cerca de 100 milhões de rublos (R$ 5,6 milhões).
Segundo o site investigativo Meduza, a pista que teria levado as autoridades ao general surgiu “após o interrogatório de um segundo réu no caso, que testemunhou contra o general.” Os investigadores disseram que Kuznetsov “aceitou suborno de representantes de estruturas comerciais para realizar certas ações em nome deles”, mas não foram mais específicos quanto a isso.
No final de abril, o vice-ministro da Defesa, Timur Ivanov, foi preso pelo mesmo crime, acusado de receber um bilhão de rublos (R$ 56 milhões). Em troca do dinheiro, ele teria supostamente ajudado a encobrir uma investigação de traição dentro do governo, alegação que o advogado dele insiste em negar.
Entre os dois casos, o Ministério da Defesa sofreu seu mais forte abalo desde o início da guerra da Ucrânia com a demissão de Shoigu, anunciada por Putin no domingo (12). Ele deixou o comando da pasta para atuar como secretário do Conselho de Segurança da Rússia, sendo substituído como ministro por Andrei Belousov, um civil.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, deu a entender que a mudança ocorre porque o novo ministro tem maior capacitação para lidar com questões financeiras, num momento em que o país amplia seu orçamento de defesa para sustentar a guerra da Ucrânia.