As Forças armadas da Rússia forma obrigadas a realocar boa parte de seus jatos militares para bases mais afastadas da fronteira com a Ucrânia, temendo que fossem atingidos pelo ATACMS (Sistema de Mísseis Táticos do Exército) fornecido a Kiev pelos EUA. A confirmação partiu do porta-voz da Casa Branca John Kirby, na quinta-feira (5), conforme relato da revista Newsweek.
O The Wall Street Journal foi o primeiro veículo a apontar para tal cenário, no final de agosto, e agora ele foi confirmado pelo governo norte-americano.
“Noventa por cento das aeronaves que a Rússia usa para bombas planadoras e ataques de longo alcance, nós fizemos as contas, 90% delas ficam a 300 quilômetros da fronteira com a Ucrânia”, disse ele durante entrevista coletiva.
O ATACMS tem alcance de cerca de 300 quilômetros e foi entregue às forças ucranianas em março, mas os EUA ainda sustentam a restrição quanto ao uso dele contra o território russo. Assim, continuam sendo disparados somente contra as forças russas dentro da Ucrânia, mas Moscou teme que o cenário se transforme.
A apreensão da Rússia se justifica, já que vem crescendo a pressão para que os EUA e seus aliados flexibilizem as regras de uso de armas pela Ucrânia. De acordo com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, foi a hesitação ocidental que forçou suas tropas a invadirem a Rússia.
“Se nossos parceiros suspendessem as restrições atuais ao uso de armas em território russo, não precisaríamos entrar fisicamente na região de Kursk”, disse ele há duas semanas, de acordo com a agência Reuters.
O presidente chamou de “ingênuo e ilusório” o veto ocidental e disse que os ataques dentro da Rússia se fazem necessários para proteger a população da Ucrânia que vive nas áreas de fronteira. E acrescentou que a operação terrestre é “defensiva” e bem-sucedida, com suas tropas tendo conquistado uma área superior a mil quilômetros no território russo.
Nesta semana, a Reuters revelou que Washington inclusive encaminhou um acordo para entregar à Ucrânia um novo armamento de longo alcance capaz de atingir áreas do território russo distantes da linha de frente, o que poderia mudar o cenário da guerra.
Três fontes com conhecimento das negociações dizem que estão adiantadas as tratativas para que Kiev receba o Míssil Conjunto Ar-Superfície (JASSM, na sigla em inglês). Entretanto, ainda é necessário resolver uma série de questões técnicas, o que deve adiar a entrega por mais alguns meses.
Devido à eficiência e ao alcance do sistema, quando em funcionamento, analistas entendem que ele forçaria a Rússia a recuar ainda mais suas áreas de preparação e depósitos de suprimento, prejudicando a logística militar do país.