Artista russa pega sete anos de prisão por protestar contra guerra na Ucrânia

Sasha Skochilenko foi acusada de "desacreditar as forças armadas russas" após espalhar mensagens antiguerra em supermercados

Nesta quinta-feira (16), a Justiça russa sentenciou a artista e musicista Sasha Skochilenko a sete anos de prisão por substituir etiquetas de preços em supermercados por mensagens antiguerra. A condenação evidencia a crescente repressão à liberdade de expressão por Moscou, segundo informações da agência Associated Press.

Sasha foi presa em São Petersburgo em abril de 2022 e acusada de disseminar informações falsas sobre os militares ao substituir etiquetas de preços por outras que denunciavam a invasão da Ucrânia pela Rússia. Algumas das mensagens incluíam relatos sobre ações das forças lideradas por Vladimir Putin no país invadido, como “O exército russo bombardeou uma escola de artes em Mariupol, onde aproximadamente 400 pessoas se abrigavam do ataque”.

Um cliente do supermercado que deparou-se com as mensagens denunciou a artista às autoridades.

Protesto do  grupo feminista russo Pussy Riot pela liberdade de Sasha (Foto: Pussy Riot/Reprodução Facebook)

Na Rússia, protestar contra o governo já não era uma tarefa fácil antes da eclosão da guerra na Ucrânia. Desde a invasão do país vizinho por tropas russas em fevereiro do ano passado, o desafio dos opositores de Putin aumentou consideravelmente, com novos mecanismos legais à disposição do Estado e o aumento da violência policial para silenciar os críticos.

A prisão de Sasha é um exemplo, e aconteceu aproximadamente um mês após a adoção de uma lei que criminaliza qualquer manifestação pública sobre a guerra que contrarie a narrativa oficial do Kremlin. A legislação tem sido aplicada em uma ampla repressão contra políticos de oposição, ativistas dos direitos humanos e cidadãos comuns que criticam o governo, resultando em expressiva quantidade de sentenças de prisão prolongadas.

Sasha faz parte do movimento Resistência Feminista Antiguerra, que tem como uma de suas marcas a substituição das etiquetas de preços por mensagens de protesto. Até onde se sabe, o primeiro a fazer isso na Rússia foi Vladimir Zavyalov, preso na cidade de Smolenskno em abril de 2022 sob a mesma acusação que pesa agora contra a artista de São Petesburgo.

A artista, de 33 anos, não negou a troca de etiquetas de preços, mas refutou a acusação de disseminar intencionalmente informações falsas. Sua advogada, Yana Nepovinnova, afirmou que a cliente não tinha a intenção de menosprezar os militares, mas sim de interromper os conflitos.

Nepovinnova descreveu sua cliente como “uma pessoa empática e amante da paz”, destacando que, para ela, a palavra “guerra” representa o pior cenário imaginável, juntamente com o sofrimento das pessoas.

Segundo o OVD-Info, ONG que monitora detenções políticas e oferece assistência jurídica, um total de 19.834 russos foram detidos entre 24 de fevereiro, início da guerra, e o final de outubro de 2023, por participarem de manifestações ou se manifestarem contra o conflito.

Tags: