Bombardeiros Tu-160 da Ucrânia ganham nova vida na Força Aérea Russa após 25 anos

Aeronaves e mísseis transferidos em acordo de 1999 reforçam ataques contra a Ucrânia, enquanto denúncias reacendem debate sobre desarmamento nuclear pós-soviético

Uma investigação conduzida pela rede Radio Free Europe (RFE/RL) revelou que a Rússia está empregando bombardeiros estratégicos transferidos pela Ucrânia há 25 anos. Entre as aeronaves identificadas estão seis bombardeiros Tu-160 e três Tu-95MS, enviados para Moscou em 1999 como parte de um acordo para quitar uma dívida de gás natural entre os dois países. As informações são da Newsweek.

Os números de série das aeronaves foram cruzados com registros militares e apontam que essas unidades permanecem em operação, integrando a frota de bombardeiros pesados russos. A inteligência militar ucraniana também forneceu informações que corroboram essa descoberta. Os bombardeiros, capazes de transportar armas nucleares, têm sido utilizados em ataques de longo alcance desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Além das aeronaves, cerca de 600 mísseis de cruzeiro Kh-55, também entregues no acordo, foram usados para bombardear alvos ucranianos, segundo a organização Nuclear Threat Initiative (NTI), dedicada a reduzir as ameaças globais relacionadas a armas nucleares. A transferência desses recursos à Rússia, originalmente feita como parte do desarmamento ucraniano após o colapso da União Soviética, reacende questionamentos sobre a eficácia das garantias de segurança prometidas à Ucrânia pelos Estados Unidos, Reino Unido e Rússia nos anos 1990.

O supersônico Tupolev Tu-160 (Foto: WikiCommons)

O Tu-160, conhecido como Blackjack pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), é o maior bombardeiro supersônico do mundo, projetado para ataques de alta precisão com armas convencionais e nucleares. Segundo a RFE/RL, pelo menos seis dessas aeronaves permanecem ativas e são empregadas em missões militares, algumas delas diretamente relacionadas aos ataques mais recentes contra a Ucrânia, que enfrentou em novembro uma série de bombardeios com mais de 200 mísseis e drones.

O caso evidencia o impacto duradouro das transferências de armamentos pós-Guerra Fria e as implicações de decisões estratégicas envolvendo desarmamento nuclear. Analistas alertam que a situação sublinha a vulnerabilidade de Estados que optaram por ceder armas em troca de acordos internacionais de segurança.

A força aérea ucraniana informou que sete bombardeiros Tu-160 e 16 Tu-95MS da Rússia participaram de um ataque massivo com mísseis, incluindo o hipersônico Zircon e mais de 100 mísseis de cruzeiro Kh-101. Paralelamente, relatórios de inteligência de código aberto revelaram um aumento de bombardeiros estratégicos russos em duas bases aéreas na Rússia Ocidental, Olenya e Engels-2, ambas já atingidas anteriormente por drones ucranianos.

Essa escalada ocorre em um contexto de intensificação dos ataques ucranianos a infraestruturas militares russas, mesmo antes de os Estados Unidos autorizarem o uso de armas de longo alcance em território russo. A nova dinâmica reforça a tensão em uma guerra que ganha contornos ainda mais estratégicos e tecnológicos.

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