Brasileiro de agência da ONU relata o drama dos ucranianos evacuados de Mariupol

Saviano Abreu, que está em território ucraniano, conta que as pessoas resgatadas ficaram dois meses sem ver a luz do dia

A terceira operação de evacuação de civis na região de Mariupol, na Ucrânia, terminou no domingo (8). Os trabalhos foram coordenados pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha e contaram com a anuência das partes em conflito, a Rússia e a Ucrânia.  

Um dos funcionários da ONU ajudando no processo é o brasileiro Saviano Abreu, porta-voz do Ocha (Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários). De Zaporizhzhya, ele relatou o drama das pessoas que ficaram mais de dois meses sem ver a luz do dia. 

“O principal impacto é exatamente o impacto psicológico na vida dessas pessoas. Estamos falando de pessoas que ficaram dentro de um bunker, de um refúgio subterrâneo por mais de dois meses. Elas não puderam ter um acesso à água potável, de maneira adequada, por dois meses e muitas delas nos contaram que só comiam uma vez ao dia”, disse ele.

Abreu ainda destacou o terro psicológico imposto às pessoas, que temiam pelas próprias vidas. “Ainda por cima tem os barulhos, os estrondos das bombas, da guerra acontecendo lá do lado de fora, sem exatamente saber o que estava acontecendo”, contou. “Elas saíram deste lugar e só então foram descobrir com detalhes o que tinha acontecido do lado de fora e descobrir que a cidade de Mariupol está completamente destruída“.

Menino de bicicleta em meio à destruição causada pelos bombardeios russos em Novoselivka, na Ucrânia (Foto: Unicef/Ashley Gilbertson)

Segundo o brasileiro, a evacuação de áreas em conflito é uma decisão voluntária, e existem pessoas que optam por permanecer nessas regiões.  Ele explica que, assim que são retirados, os civis recebem assistência psicológica e a primeira refeição preparada para eles. 

“Na chegada aqui em Zaporizhzhya, também tem uma assistência imediata com alimentação, com um prato de comida quente, que são coisas que a maioria deles não puderam ter nos últimos dois meses, além de água e produtos de higiene”, disse Abreu. 

O porta-voz do Ocha explicou ainda que existem abrigos disponíveis em Zaporizhzhya e também orientações e apoio para quem deixa a Ucrânia. De acordo com Saviano Abreu, as partes em conflito garantem que já não há mais civis na siderúrgica de Azovastal, o principal foco de evacuação.  

ONU e Cruz Vermelha continuam organizando mais operações de evacuação de civis em Mariupol e nos arredores.  

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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