Guterres fala ao Conselho de Segurança e pede o fim do ‘ciclo de mortes na Ucrânia’

Secretário-geral diz não ter medido palavras nas conversas com Putin e Zelensky e reforçou que a invasão da Ucrânia é ilegal

No fim da tarde de quinta-feira (5), os embaixadores dos 15 países membros do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) ouviram um balanço do secretário-geral António Guterres sobre sua visita recente à Rússia e à Ucrânia. Ele esteve nos dois países em conflito na semana passada, onde encontrou-se com os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. 

Ao Conselho de Segurança, Guterres afirmou não ter medido palavras nas conversas com os dois líderes, voltando a destacar que “a invasão da Rússia à Ucrânia é uma violação da integridade territorial e da Carta das Nações Unidas”. 

O chefe da ONU ainda renovou o seu apelo pelo fim imediato do “ciclo de mortes, destruição e deslocamentos” e lembrou que visitou uma zona de guerra na Ucrânia sem qualquer “perspectiva de cessar-fogo, uma vez que o leste do país continua enfrentando ataques em larga escala”.

Secretário-geral da ONU, o português António Guterres (Foto: UN Photo/Evan Schneider)

Guterres explicou que, durante sua reunião com o presidente Putin, destacou a “importância de se permitir o acesso de ajuda humanitária e de evacuações de pessoas de áreas sitiadas”, especialmente de Mariupol.

Nesta semana, um comboio liderado pela ONU e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha conseguiu retirar da área mais de 400 pessoas. Uma terceira operação está em andamento, mas Guterres preferiu não fornecer mais detalhes por questões de segurança. 

No discurso, o chefe da ONU reforçou que a organização continuará ampliando a ajuda humanitária para reduzir o sofrimento dos ucranianos e salvar vidas. Ele mencionou também a importância de se encontrar uma solução para a insegurança alimentar global, “que passe pela reintegração da produção agrícola ucraniana e da produção de fertilizantes da Rússia e de Belarus, apesar da guerra”.

Violência sexual

O chefe do Ocha (Escritório Humanitário da ONU), Martin Griffiths, também falou ao Conselho de Segurança, destacando que mais de 13 milhões de civis já abandonaram suas casas desde o início do conflito e lembrou de “idosos e outras pessoas que não puderam fugir, sem conseguir buscar abrigo das bombas ou receber informações sobre planos de evacuação.”

Griffiths falou ainda sobre o aumento das alegações de violência sexual contra meninas, mulheres, meninos e homens.

Até o momento, a ONU conseguiu fornecer ajuda a mais de 4,1 milhões de pessoas em 24 regiões da Ucrânia. A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, participou virtualmente da reunião do Conselho de Segurança.

De Genebra, ela descreveu relatos de pessoas mortas em Mariupol, incluindo um homem assassinato “em frente a sua mulher e a seus filhos” e destacou parecer não haver “fim à vista para os relatos diários de civis mortos e feridos”. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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