Cientista russo morre de câncer dois dias após ser preso acusado de traição

Dmitry Kolker foi removido de um hospital na Sibéria, onde era alimentado por uma sonda, e levado para Moscou por membros do FSB

Um cientista russo preso na Sibéria na semana passada sob acusação de traição ao Estado morreu no sábado (2), de acordo com comunicado da família feito neste domingo (3). Embora lutasse contra um câncer terminal no pâncreas, pelo qual estava internado, o físico Dmitry Kolker, de 54 anos, mesmo assim foi removido para uma prisão em Moscou. As informações são da agência Reuters.

Kolker foi retirado de sua cama de hospital, onde era alimentado por um tubo, e colocado por agentes da FSB (Agência de Segurança Federal) em um voo de mais de quatro horas para a capital, onde foi preso na penitenciária de Lefortovo. Ele acabou falecendo dois dias depois em um hospital próximo.

Dmitry Kolker era especialista em laser (Foto: Twitter/Reprodução)

Doutor em física e matemática pela Universidade Estadual de Novosibirsk, o cientista especialista em laser foi acusado de praticar espionagem para a China, onde já havia dado palestras científicas, segundo a família, que o declara inocente.

“Ele era um cientista, amava seu país e estava trabalhando dentro dele, apesar de muitos convites das principais universidades e laboratórios para trabalhar no exterior. Ele queria trabalhar na Rússia, queria ensinar estudantes lá”, disse um primo de Kolker, Anton Dianov.

De acordo com o filho do cientista, Kolker foi acompanhado por agentes do FSB em todas as suas viagens à China. Lá, os oficiais agiam para que o físico só tivesse contato com os estudantes locais falando em russo com a ajuda de um intérprete.

O advogado da família, Alexander Fedulov disse à reportagem que tentou contato com as autoridades, mas foi afastado do departamento de investigação do FSB e da prisão. Ele disse que apresentaria uma queixa legal nesta segunda-feira (4) sobre as circunstâncias da prisão do seu cliente.

No sábado (2), a agência de notícias estatal Tass noticiou a prisão de um segundo cientista em Novosibirsk também a mando do Kremlin, sob mesma suspeita de traição. Não mencionou, no entanto, se há conexão entre os casos.

Vários cientistas russos foram presos e acusados ​​de traição nos últimos anos por supostamente passarem material sensível a estrangeiros.

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