Coalizão liderada por França e Reino Unido planeja enviar tropas para a Ucrânia

Grupo criado após conversa entre Trump e Putin busca garantir eventual acordo de paz e conter avanços da Rússia na Europa

A possibilidade de tropas ocidentais pisarem em solo ucraniano está mais próxima de se concretizar. Liderados por Reino Unido e França, 33 países formaram a chamada “Coalizão dos Dispostos”, com o objetivo de garantir a segurança da Ucrânia e sustentar um possível acordo de paz com a Rússia. O plano ganhou força após uma conversa telefônica entre Donald Trump e Vladimir Putin, que surpreendeu os aliados europeus ao sinalizar negociações unilaterais. As informações são da rede Euro News.

Desde então, líderes europeus têm intensificado encontros diplomáticos. A coalizão foi formalizada em março após reuniões em Londres e Paris, com a presença de representantes de 31 países europeus, além de Canadá e Austrália. Japão e Nova Zelândia, embora citados como aliados, não compareceram ao último encontro. O grupo pretende atuar de forma independente dos EUA, embora mantenha diálogos frequentes com a Casa Branca.

Presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (esq.), e da França, Emmanuel Macron, em 2019 (Foto: WikiCommons)

A principal proposta em discussão é a criação de uma força de “reafirmação”, composta por tropas ocidentais que ocupariam pontos estratégicos na Ucrânia, como portos, usinas e cidades-chave, atuando como fator de dissuasão contra novas ofensivas russas. “Nada está excluído neste momento”, disse o presidente francês Emmanuel Macron. “É uma força pensada para dissuadir e mandar um recado a Putin.”

Até agora, apenas França e Reino Unido confirmaram o envio de soldados. Suécia, Dinamarca, Austrália e Bélgica sinalizaram apoio à ideia, enquanto Itália, Polônia e Grécia se opuseram por razões políticas ou geográficas. A força não atuaria na linha de frente, mas estaria pronta para proteger os termos de uma eventual trégua. “Queremos estar prontos para operacionalizar um acordo de paz, seja qual for sua forma final”, explicou o premiê britânico Keir Starmer.

Fora da coalizão, países como Hungria e Eslováquia rejeitam o envio de ajuda militar à Ucrânia. Malta, Áustria e Suíça não participam por manterem posição de neutralidade. Já o governo dos EUA, que motivou a formação do grupo ao romper a frente diplomática com os europeus, segue fora da aliança.

“Como sempre disse, isso exigirá o engajamento e o apoio dos Estados Unidos”, afirmou Starmer. Até agora, não há sinal de que esse apoio vá se concretizar.

A próxima etapa será técnica. O presidente Volodymyr Zelenskyy convidou representantes militares dos países-membros da coalizão para definir a estrutura da força multinacional e quem de fato entregará os soldados. “Precisamos de decisões claras, operacionais. E de uma visão compartilhada para o futuro sistema de segurança”, disse o líder ucraniano na última reunião.

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