A linha de frente em Pokrovsk, no leste da Ucrânia, tornou-se palco de confrontos intensificados, com tropas ucranianas cada vez mais dependentes de drones para conter avanços russos. Apesar dos esforços, soldados relatam desafios significativos, incluindo falta de pessoal e erros de comando, conforme as tropas da Rússia conquistam território em um ritmo inédito. As informações são da rede CNN.
“A situação é muito crítica. Falta infantaria para lutar e segurar a posição enquanto os drones fazem seu trabalho. É por isso que frequentemente vemos o inimigo penetrando áreas vulneráveis incontrolavelmente”, disse á reportagem um comandante de drones identificado pelo codinome East. Ele destacou a ausência de reforços e treinamentos, contrastando com o fluxo constante de substituições nas forças russas.
Soldados em Pokrovsk descreveram a falta de efetivos como tão grave que temem um avanço significativo do inimigo. Um militar relatou que a cidade vizinha de Selydove foi defendida por apenas 60 soldados antes de cair em outubro, resultando em perdas severas para os ucranianos.
Outro militar, identificado como Kashei, expressou pessimismo sobre o futuro: “Não posso dizer quanto tempo ainda temos, se é que temos. O inimigo está avançando porque não há pessoas defendendo no chão.”
Erros táticos e operacionais também têm agravado a situação. Em um incidente narrado por soldados, novos recrutas foram enviados diretamente ao front sem treinamento adequado, o que culminou em baixas significativas. Outro episódio envolveu a morte de soldados ucranianos por engano, após falhas na identificação por comandantes.
A brutalidade do conflito também afeta o moral das tropas. Um vídeo divulgado recentemente mostra soldados ucranianos sendo executados por forças russas após serem capturados em Petrivka, perto de Pokrovsk. O caso, descrito pela Procuradoria-Geral da Ucrânia como “crime de guerra combinado com assassinato premeditado”, está sendo investigado.
Apesar dos desafios, os soldados mantêm sua posição, mas com críticas abertas à gestão da guerra e preocupações sobre o futuro político internacional. “Se Trump e Putin começarem a medir forças, a Ucrânia será o palco disso tudo”, desabafou Kotia, outro combatente.
Enquanto isso, o avanço russo segue em múltiplas frentes ao redor de Pokrovsk, testando as linhas de defesa ucranianas. Com carências de pessoal e infraestrutura, a dependência de drones tornou-se tanto uma ferramenta essencial quanto um símbolo das dificuldades enfrentadas pelo exército ucraniano.
Avanço russo atinge ritmo mais acelerado desde início da guerra
Os problemas enfrentados por Kiev parecem render frutos a Moscou. O avanço das tropas russas na Ucrânia alcançou nas últimas semanas o maior ritmo desde os primeiros meses da invasão, em 2022. Dados divulgados pela a agência Reuters indicam que apenas na última semana as tropas russas ocuparam 235 quilômetros quadrados, totalizando 600 quilômetros quadrados ao longo de novembro. A área conquistada equivale à metade do tamanho de Londres
A Rússia agora controla 18% do território ucraniano, incluindo a Crimeia, grande parte de Donbass, além de regiões estratégicas em Zaporizhzhya e Kherson. Vladimir Putin atribuiu os avanços a estratégias mais eficazes adotadas após uma troca no comando do Ministério da Defesa em maio, prometendo que “a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia”.
Analistas alertam que os combates na região de Kurakhove são cruciais para o avanço em direção a Zaporizhzhya, um centro industrial estratégico. Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), tropas russas estão mobilizando 130 mil soldados para uma possível ofensiva de larga escala na região, com o objetivo de consolidar ganhos econômicos e territoriais.