Distribuição de passaportes pela Rússia no leste da Ucrânia é ‘passo para anexação’, diz Zelensky

Moscou pretende distribuir até um milhão de passaportes russos até dezembro a moradores do leste da Ucrânia

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, classificou a recente iniciativa da Rússia de distribuir passaportes aos moradores das regiões de Donbass, como um “grande problema”. “É o primeiro passo para a anexação”, disse nesta quinta (20), em registro da RFE (Radio Free Europe).

Em abril, a agência russa Tass anunciou que cerca de 540 mil passaportes russos foram distribuídos em Donetsk e Luhansk, ao leste da Ucrânia. O objetivo é conceder um milhão de documentos até dezembro.

Não há previsão para a recuperação das relações entre Moscou e Kiev desde que a Rússia anexou a península da Crimeia, em 2014. As tropas moscovitas apoiam os separatistas ucranianos, que assumiram o controle de Donbass no mesmo ano.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em sua posse, maio de 2019 (Foto: Divulgação/Presidência Ucrânia/Mykola Lazarenko)

Os dois países se culpam mutuamente pelo aumento dos combates na região. Em resposta, a Rússia concentrou suas tropas na fronteira com o país – um movimento que Moscou classificou como “exercício defensivo”.

Em coletiva de imprensa, Zelensky afirmou que a resolução do conflito está no topo das suas prioridades. “Este é definitivamente o primeiro passo, porque a mesma coisa aconteceu quando os residentes da Crimeia receberam passaportes russos. Este é um grande problema”, disse o presidente.

Solução em Donbass

O presidente assinalou que seu governo já tem planos para uma solução em Donbass e reiterou que quer negociar com o presidente russo Vladimir Putin. Sua única objeção é que os encontros aconteçam fora da zona do conflito, em um “território neutro”.

Desde 2014, quando a guerra de baixa intensidade começou após a derrubada do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, aliado do Kremlin, 13 mil pessoas já morreram.

Entre as demandas dos grupos pró-Moscou estão maior autonomia nas regiões de Donetsk e Lugansk, de maioria étnica russa. Há evidências de que os russos patrocinam a insurgência por meio de auxílio militar e diplomático.

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