O presidente Volodymyr Zelensky enfrenta a mais complexa crise política desde o início da guerra na Ucrânia. Quase quatro anos após a invasão em larga escala pela Rússia, a combinação entre escândalos internos, pressão diplomática e avanço militar russo criou um cenário de desgaste profundo para o governo ucraniano.
Entenda os cinco fatores que alimentam a crise política na Ucrânia e aumentam a pressão sobre o presidente. As informações são da Associated Press.

1- Uma rebelião interna após um escândalo de 100 milhões de dólares
Zelensky enfrenta críticas dentro de seu próprio partido após órgãos anticorrupção revelarem que 100 milhões de dólares foram desviados do setor de energia. A investigação levou à demissão de dois altos funcionários e a sanções contra aliados. Um dos envolvidos, Tymur Mindich, teria deixado o país.
Parlamentares e ativistas exigem a demissão do chefe de gabinete Andrii Yermak, figura influente no governo. Embora nem Zelensky nem Yermak tenham sido acusados, a pressão interna cresceu, alimentada pela percepção de que poder demais estaria concentrado no gabinete presidencial.
2- A permanência no cargo não está em risco imediato — mas a governabilidade sim
Com a lei marcial em vigor, eleições estão suspensas na Ucrânia. Isso impede que Zelensky seja derrubado por meios eleitorais durante a guerra. No entanto, uma eventual ruptura no partido Servo do Povo poderia enfraquecer sua maioria parlamentar e comprometer votações futuras, incluindo um eventual acordo de paz.
3- O ex-general Valerii Zaluzhnyi surge como possível rival
A oposição formal não apresenta força para desafiar Zelensky, e Petro Poroshenko segue com apoio limitado. Porém, pesquisas mostram competitividade do ex-comandante Valerii Zaluzhnyi, hoje embaixador no Reino Unido. Ele nega intenção de entrar na política, mas seu nome continua a circular entre analistas e parte da população.
4- Pressão diplomática: plano EUA-Rússia exige concessões da Ucrânia
Um rascunho de plano de paz elaborado por EUA e Rússia prevê concessões significativas de Kiev, incluindo a cessão de território e a limitação das Forças Armadas. O documento também permite controle russo de toda a região de Donbas.
Zelensky já rejeitou propostas semelhantes, chamando-as de inconstitucionais. Analistas avaliam que o momento de divulgação, em meio ao escândalo interno, aumenta a vulnerabilidade política do presidente.
5- Avanço russo e ataques às usinas de energia elevam a pressão militar
Enquanto a crise política se intensifica, a Rússia amplia avanços na linha de frente, especialmente nas regiões de Kharkiv e Donetsk, com combates intensos em torno de Pokrovsk. Bombardeios contra usinas ucranianas provocaram alguns dos piores apagões desde o início da guerra, reforçando o desgaste interno.