Ex-campeões mundiais de boxe prometem pegar em armas e defender a Ucrânia

Vitali Klitschko é político desde que deixou o boxe e hoje ocupa o cargo de prefeito de Kiev. O irmão Wladimir já se alistou no exército

Os irmãos ucranianos Wladimir e Vitali Klitschko, ambos ex-campeões mundiais de boxe na categoria dos pesos pesados, prometem pegar em armas e lutar pelo país contra a Rússia, que na quinta-feira (24) invadiu a Ucrânia. As informações são da agência Reuters.

“Eu não tenho outra escolha, eu tenho que fazer isso. Eu estarei lutando”, disse Vitali, de 50 anos, que trocou o esporte pela política e desde 2014 é o prefeito da cidade de Kiev. “Acredito na Ucrânia, acredito no meu país e acredito no meu povo”, afirmou o ex-atleta, em entrevista à emissora britânica ITV.

Os irmãos Wladimir (esq.) e Vitali Klitschko, ex-boxeadores profissionais (Foto: Wikimedia Commons)

O irmão dele, Wladimir, outro ex-campeão mundial, se alistou no exército no início do mês, já pensando em combater uma eventual invasão russa. “O povo ucraniano é forte e permanecerá fiel a si mesmo nesta terrível provação. Um povo que anseia por soberania e paz. Um povo que considera o povo russo como irmãos”, escreveu ele em um post no LinkedIn na quinta-feira (24).

No post, Wladimir também convocou todos que se opõem a guerra a protestar. “Você pode fazer algo mobilizando e organizando grandes manifestações. Faça sua voz ser ouvida. Faça a voz da democracia ser ouvida. Diga em alto e bom som que o direito internacional e a democracia estão sob ataque, que a guerra é o maior mal e que a vida é sagrada”.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho na quinta-feira (24), remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de quinta (24), de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.

Para André Luís Woloszyn, analista de assuntos estratégicos, os primeiros movimentos no campo de batalha sugerem um conflito curto. “Não há interesse em manter uma guerra prolongada”, disse o especialista, baseando seu argumento na estratégia adotada por Moscou. “Creio que a Rússia optou por uma espécie de blitzkrieg, com ataques direcionados às estruturas militares“, afirmou, referindo-se à tática de guerra relâmpago dos alemães na Segunda Guerra Mundial.

O que também tende a contribuir para um conflito de duração reduzida é a decisão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de não interferir militarmente. “Não creio em envolvimento de outras potências no conflito, o que poderia desencadear uma guerra mais ampla e com consequências imprevisíveis”, disse Woloszyn, que é diplomado pela Escola Superior de Guerra.

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