Familiares das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysian Airlines, que caiu em 2014 enquanto sobrevoava a Ucrânia, acusaram a Rússia de mentir sobre o suposto envolvimento do país no incidente. As acusações foram feitas nesta segunda-feira (6), durante processo contra quatro suspeitos julgados à revelia pela Justiça da Holanda, informou a agência Reuters.
Os suspeitos, julgados por assassinato, são três cidadãos russos e um ucraniano ligados ao movimento pró-Moscou do leste da Ucrânia. De acordo com investigadores internacionais que analisaram o caso, o Boeing 777, que viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi abatido por um míssil russo disparado de uma base russa em Kursk, próxima da fronteira com o território ucraniano, zona do conflito separatista armado.

Entre os parentes das quase 300 pessoas mortas no desastre aéreo, a porta-voz é Ria van der Steen, que teve seu pai e madrasta entre as vítimas. “Eles estão mentindo, sabemos que estão mentindo e eles sabem que sabemos que estão mentindo”, disse ela no tribunal.
A holandesa foi a primeira de dezenas de parentes que poderão dar depoimento ou enviar declarações por escrito nas próximas três semanas.
A agência qatari al Jazeera ouviu a australiana Vanessa Rizk, que perdeu os pais no acidente. Ela classifica o presidente russo Vladimir Putin e o Kremlin como parte do “pesadelo político” que levou à queda do MH17, dizendo que os agressores responsáveis “mereciam punição por seus ações hediondas ”.
“Como os perpetradores se sentiriam se fossem seus entes queridos? Como Putin e seu governo russo corrupto responderiam a isso?”, questionou.
Os juízes afirmaram na segunda (6) que esperam concluir o caso e emitir a sentença no final de 2022. Embora negue qualquer envolvimento com o ataque que levou à queda do avião, o governo russo se recusa a extraditar os acusados para que sejam julgados.
Por que isso importa?
O leste da Ucrânia vive desde 2014 um conflito separatista capitaneado por insurgentes pró-Moscou contra o governo ucraniano. Desde então, quando a guerra de baixa intensidade começou após a derrubada do presidente Viktor Yanukovych, aliado do Kremlin, 13 mil pessoas já morreram.
Entre as demandas dos grupos pró-Moscou estão maior autonomia nas regiões de Donetsk e Lugansk, de maioria étnica russa. Há evidências de que os russos patrocinam a insurgência por meio de auxílio militar e diplomático.