O governo da Finlândia acusa a Rússia de realizar uma série de atos hostis, sobretudo sabotagem, contra a nação escandinava. São ações que se equiparam às registradas por outros países europeus e que se intensificaram desde que Helsinque aderiu à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As informações são da agência Reuters.
“Estamos vivenciando interrupções, atos de sabotagem, vários tipos de danos e migração instrumentalizada, entre outras coisas. Isso cria uma sensação geral de incerteza e imprecisão sobre o que é verdade e o que não é”, afirmou a ministra do Interior Lulu Ranne.
Embora as investigações não tenham sido concluídas, a autoridade declarou que “informações da inteligência civil e militar” apontam “claramente” para a Rússia como autora. “Atualmente, a Rússia é a principal entidade envolvida em operações de influência de amplo alcance contra nós”, disse ela.

Finlândia e Rússia compartilham uma fronteira de cerca de 1,34 mil quilômetros, a mais longa entre os países da União Europeia (UE) e o território russo. Nos últimos meses, uma das estratégias russas citadas por Ranne é enviar migrantes para a divisa a fim de que ingressem no país escandinavo.
Mesmo os cidadãos russos chegaram a protagonizar uma crise migratória em razão da guerra da Ucrânia, a partir de uma mobilização militar parcial anunciada em setembro de 2022 pelo presidente Vladimir Putin. Muitos russos fugiram do recrutamento, sendo a Finlândia um dos destinos.
Helsinque classifica a onda migratória como uma “ameaça híbrida” orquestrada por Moscou para pressionar o país vizinho com o envio de migrantes de diversas nacionalidades. A situação levou ao fechamento de toda a fronteira oriental do país com a Rússia, e dois pontos em particular foram definitivamente encerrados nesta semana, de acordo com o site Schengen News.
A origem da crise
A adesão da Finlândia à Otan incomoda bastante a Rússia, que praticamente viu dobrar o tamanho de sua fronteira com a aliança militar transatlântica. De acordo com o think tank Wilson Center, também incomoda o reforço militar fornecido pelas Forças Armadas finlandesas, que têm cerca de 280 mil soldados em tempos de guerra, bem como 900 mil cidadãos com algum tipo de treinamento militar.
“Em termos históricos, a Finlândia tem uma proporção de combatentes per capita equivalente à da antiga Esparta”, afirmou Jason C. Moyer, analista do Wilson Center, em um artigo tratando do tema publicado em abril, para lembrar a marca de um ano desde a adesão finlandesa à Otan.
Ainda de acordo com Moyer, a “decisão histórica de aderir à aliança reflete uma profunda preocupação com as ações agressivas da Rússia contra os seus vizinhos”. Ele, então, concluiu: “A Finlândia, juntamente com a Suécia, tem Forças Armadas extremamente capazes que resultam numa aliança mais segura e protegida.”