Polônia prende supostos sabotadores e associa Moscou a incêndio em shopping center

Premiê vê 'provável' envolvimento de agentes a serviço da Rússia na destruição de um dos maiores centros comerciais do país

As forças de segurança da Polônia detiveram nesta semana 12 pessoas acusadas de integrar um grupo de sabotadores a serviço da Rússia. Segundo o primeiro-ministro Donald Tusk, é possível que Moscou esteja por trás inclusive do incêndio que destruiu na semana passada o shopping center Marywilska 44, um dos mais importantes do país. As informações são do site Notes From Poland (NFP).

Tusk concedeu entrevista coletiva na terça-feira (21) e comentou as mais recentes ações de seu governo contra a ameaça russa. Comentou sobretudo os recentes incêndios sem causa aparente ocorridos no país, que se considera um alvo preferencial de Moscou devido ao apoio à Ucrânia na guerra.

Donald Tusk, primeiro-ministro da Polônia (Foto: gov.pl)

O incêndio no Marywilska 44 não deixou vítimas, mas causou enorme prejuízo financeiro e levará o governo a indenizar lojistas afetados e a pagar temporariamente os salários dos trabalhadores. De acordo com a agência Reuters, o shopping tinha cerca de 1,4 mil estabelecimentos comerciais e era um dos maiores de Varsóvia.

“Estamos examinando os indícios, bastante prováveis,​ de que os serviços russos tiveram algo a ver com o incêndio no Marywilska”, disse Tusk na conferência de imprensa, segundo o NFP. O premiê, porém, evitou fazer uma acusação formal e reforçou que “o processo está em andamento” para apurar as causas.

Na mesma coletiva, Tusk anunciou as prisões de três pessoas acusadas de realizarem atos ilegais a serviço do governo russo na Polônia e em mais países da União Europeia (UE). Os detidos se somam a outros nove que haviam sido presos anteriormente sob as mesmas acusações.

A ação contra o grupo de sabotadores integra uma ampla campanha do governo polonês para combater a influência russa e belarussa no país. O site Politico noticiou no domingo (19) que Varsóvia investirá 2,3 bilhões de euros na segurança da fronteira com os dois países vizinhos.

“Iniciámos estas obras para tornar a fronteira da Polônia segura em tempos de paz e impenetrável para um inimigo em tempos de guerra”, disse ele. “Não haverá limite de fundos quando se trata da segurança da Polônia.”

O governo polonês vem há tempos denunciando uma “guerra híbrida’ empreendida por Rússia e Belarus. Dezenas de pessoas foram presas nos últimos anos acusadas de espionagem para Moscou, enquanto Minsk protagonizou uma crise envolvendo refugiados de diversas nações enviados à fronteira polonesa para colocar pressão sobre o país e a UE.

A Polônia teme inclusive uma invasão de Moscou no futuro e diz que por isso é importante apoiar a Ucrânia na guerra. O argumento é o de que uma vitória sobre Kiev encorajaria o presidente russo Vladimir Putin a atacar outras nações vizinhas que considere uma ameaça a seu país.

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