A busca pela independência da Groenlândia ganhou destaque na última semana, com o primeiro-ministro Mute Egede reafirmando o compromisso de libertar a ilha dos “grilhões da era colonial”. Durante seu discurso de Ano Novo, Egede enfatizou a necessidade de autodeterminação, destacando desigualdades persistentes no relacionamento com a Dinamarca e sinalizando a possibilidade de um referendo sobre a independência ainda em 2025. As informações são do Euronews.
Atualmente, a Groenlândia opera sob um regime de autogovernança conquistado em 1979 e reforçado em 2009, quando um referendo garantiu o direito de declarar independência. No entanto, o subsídio anual de 500 milhões de euros fornecido pela Dinamarca é um ponto sensível, tanto do ponto de vista econômico quanto político.
“A história e as condições atuais mostram que nossa parceria com o Reino da Dinamarca não alcançou a plena igualdade”, declarou Egede.

A ilha, conhecida por suas vastas reservas de petróleo, gás natural e minerais, também é uma peça-chave no tabuleiro geopolítico global. A atenção renovada do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que em 2019 e novamente em 2024 expressou interesse em adquirir a Groenlândia, sublinhou a relevância estratégica do território. Egede, no entanto, foi categórico: “A Groenlândia não está à venda e nunca estará”.
Esse período também trouxe à tona debates sobre o legado colonial e as desigualdades estruturais que ainda afetam a população local. A Dinamarca, por sua vez, anunciou planos de aumentar os gastos com defesa na região em 1,3 bilhão de euros, em um movimento interpretado como resposta indireta às recentes tensões diplomáticas e às críticas por episódios históricos como as campanhas de contracepção forçada realizadas em meados do século XX.
Egede sugeriu que o referendo pela independência poderia coincidir com as eleições parlamentares de abril, marcando um ponto de inflexão na história da ilha. “O trabalho já começou na construção da estrutura para a Groenlândia como um estado independente”, afirmou. Ele também pediu à população que se una em torno dessa visão, destacando o momento crítico que o país enfrenta.
Com uma população de apenas 57 mil pessoas e um parlamento próprio, a Groenlândia busca equilibrar os desafios de sua transição para a independência com as oportunidades econômicas e políticas que surgem em seu caminho. A ilha também permanece representada no parlamento dinamarquês, o Folketing, com dois assentos.