Hungria se isola ao apoiar Netanyahu em oposição ao Tribunal Penal Internacional

Viktor Orban promete proteção a primeiro-ministro israelense, desafiando mandado do TPI e ampliando divergências com líderes europeus

Em um movimento que promete aumentar a tensão diplomática na Europa, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, anunciou que convidará o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para visitar a Hungria, garantindo que um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) “não será cumprido”. As informações são da NBC News.

A decisão de Orban ocorre em um contexto de crescente apoio europeu às resoluções do TPI. Na última quinta-feira (21), o tribunal emitiu mandados de prisão contra Netanyahu, o ex-ministro da defesa israelense Yoav Gallant e o líder militar do Hamas, Mohammed Deif, acusando-os de crimes de guerra e crimes contra a humanidade relacionados ao conflito em Gaza.

Líderes de países como Irlanda, Noruega, Holanda, Suíça e Espanha reafirmaram publicamente seu compromisso com o Estatuto de Roma, tratado fundador do TPI, e declararam sua disposição para cumprir os mandados. O primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, por exemplo, afirmou que prenderia Netanyahu caso ele visitasse o país, reforçando a política irlandesa de cooperação com instituições internacionais de justiça.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán (Foto: European’s People Party/Divulgação)

No entanto, a posição de Orban sinaliza um afastamento deliberado das normas europeias. “Hoje, convidarei o primeiro-ministro de Israel, Sr. Netanyahu, para visitar a Hungria e garantirei que a decisão do TPI não terá efeito aqui. Não seguiremos seu conteúdo”, declarou o líder húngaro à rádio estatal, classificando o mandado como “errado”.

A postura de Orban contrasta com a resposta mais diplomática de outros países que buscam equilibrar o apoio à justiça internacional com a gestão de suas relações bilaterais. Na França, por exemplo, o ministro das Relações Exteriores Christophe Lemoine enfatizou que o país “apoia o trabalho independente do tribunal”, mas observou que a decisão ainda não configura uma sentença.

Especialistas interpretam a posição húngara como um movimento estratégico para reforçar laços com Israel e consolidar sua postura eurocética. Analistas também apontam que a Hungria, que atualmente ocupa a presidência rotativa da União Europeia, pode enfrentar críticas internas no bloco por minar os esforços de alinhamento com o TPI.

A decisão do TPI é vista como um marco na tentativa de responsabilizar líderes por ações durante conflitos armados, mas sua aplicação depende da colaboração internacional. Enquanto isso, a Hungria de Orban continua a desafiar o consenso europeu, ampliando as divisões no bloco sobre questões de justiça e soberania internacional.

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