ONU alerta para risco iminente de acidente nuclear em Zaporizhzhya, na Ucrânia

Ataques recentes aumentam perigo enquanto a instalação opera precariamente, com apenas duas linhas de energia externa

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, alertou o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) na segunda-feira (15) para o risco iminente de um acidente nuclear em Zaporizhzhya, na Ucrânia

Ele enfatizou que os princípios fundamentais estabelecidos pela agência para proteger as instalações foram violados, especialmente após o recente ataque ocorrido em 7 de abril. Embora não tenha causado danos estruturais significativos, o ato abre precedentes perigosos para futuros ataques bem-sucedidos contra a contenção do reator.

Risco aumentado

Segundo Grossi, outros dois ataques que ocorreram nas proximidades do reator principal resultaram em pelo menos uma vítima. Ele adicionou que os especialistas da AIEA ainda foram informados sobre ataques com drones em outras partes da usina.

O chefe da agência atômica da ONU afirmou que esses “ataques irresponsáveis” devem parar imediatamente. “Embora, felizmente, não tenham levado a um incidente radiológico desta vez, eles aumentam significativamente o risco na usina nuclear de Zaporizhzhya, onde a segurança nuclear já está comprometida”, explicou.

Usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia (Foto: Wiklimedia Commons)

Grossi citou sua preocupação com o contexto dos ataques, ao recordar que meses antes dos bombardeiros diretos “já havia um aumento de incursões isoladas de drones nas proximidades da instalação e na cidade vizinha de Energodar”.

Linhas externas de energia

Segundo o diretor-geral da AIEA, a usina está atualmente dependendo apenas de duas linhas de energia externa. Grossi afirmou que houve pelo menos quatro ocasiões no último ano em que a instalação teve apenas uma linha de fornecimento de energia externa por períodos de até quatro meses.

Assim, ele reforçou que os pilares de segurança nuclear estão todos comprometidos e afirmou que não se deve “permitir que a complacência deixe que a sorte decida o que acontecerá amanhã”, reforçando que tudo o que estiver ao alcance para minimizar o risco de um acidente deve ser feito.

Ele ainda reforçou o papel da agência durante os mais de dois anos de conflito na Ucrânia, mas reiterou que para serem efetivos o time deve ter acessos contínuos para avaliar a situação da instalação e o impacto da guerra na segurança atômica.

Grossi concluiu seu discurso pedindo ao Conselho de Segurança apoio inabalável aos princípios e pilares de segurança e proteção nuclear além de suporte ao papel da AIEA no monitoramento da situação e no serviço da comunidade internacional. 

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