Operadoras de telefonia temem ‘apagões’ nos celulares europeus durante o inverno

União Europeia se prepara para cortes de energia e traça planos emergenciais para assegurar o funcionamento das redes móveis

O setor de telecomunicações na Europa está diante de uma enorme preocupação: a crise energética pode provocar apagões parciais nas redes móveis em decorrência de cortes ou racionamento de energia no inverno que está chegando. O resultado seria países inteiros com telefones celulares sem serviço, algo praticamente impensável nos dias de hoje. As informações são da agência Reuters.

A possibilidade de os europeus ficarem às escuras cresceu com a decisão da Rússia de paralisar o fornecimento de gás por meio da principal rota de fornecimento da continente, medida tomada para responder às sanções impostas ao país após ter iniciado a guerra na Ucrânia.

Autoridades do setor de telecomunicações também mencionam temores de que a estação mais fria do ano, que tem início em dezembro e vai até março, caso seja rigorosa, possa colocar a infraestrutura europeia diante de uma prova de fogo, obrigando governos e empresas a tentar amenizar os impactos.

Torre de telefonia móvel (Foto: vulkiye/Unsplash)

Na França, o desafio de manter as luzes acesas é ainda maior por conta do fechamento para manutenção de diversas usinas nucleares. Suécia e Alemanha também figuram entre os países de risco elevado, onde as operadoras já levantaram tais preocupações.

Para mitigar os efeitos e garantir o funcionamento das telecomunicações em caso de falhas na rede elétrica, os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) estão agindo. O desafio é manter as comunicações de pé mesmo num hipotético cenário em que os cortes de energia zerem as baterias de reserva instaladas nas centenas de milhares de antenas de celular espalhadas por seu território.

Em geral, os equipamentos que abastecem as redes móveis têm baterias que garantem energia em caso de blecaute. O bloco econômico possui meio milhão de torres de telecomunicações, e a maioria delas têm baterias de backup. Porém, a autonomia para operar as antenas móveis gira em torno de 30 minutos.

Soluções

A França detalhou seus planos. De acordo com fontes dentro da Enedis, principal operadora da rede pública de distribuição de eletricidade, no pior cenário, os cortes de energia durariam até duas horas. Os apagões gerais impactariam apenas partes do país de forma rotativa. Serviços essenciais, como hospitais, polícia e governo, não devem ser atingidos pelos cortes.

Na Suécia, o Post and Telecommunication Authority (PTS), regulador de telecomunicações, está somando esforços com operadoras de telecomunicações e outras agências governamentais para buscar saídas. Isso inclui a compra de postos de combustível transportáveis ​​e estações base móveis que se conectam a telefones celulares para lidar com blecautes mais prolongados. A hipótese de racionamento de energia também está sendo tratada em reuniões.

Na Itália, o lobby de telecomunicações disseque deseja que a rede móvel “seja excluída de qualquer corte de energia ou paralisação para economia de energia” e irá tratar da questão com o novo governo eleito.

As operadoras de telecomunicações também estão trabalhando com governos da UE para verificar se existem planos para manter serviços críticos.

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