Parlamentar húngaro afirma que seu país aprovará o ingresso da Suécia na Otan

Escandinavos aguardam o aval dos húngaros e principalmente da Turquia, que acusa os países de dar abrigo a "terroristas"

A Suécia deu mais um pequeno passo para que seu pedido de ingresso na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) seja aprovado. A Hungria, um dos dois países que ainda bloqueiam a candidatura, deu sinais de que não criará empecilho, embora ainda não tenha concedido o aval oficial. As informações são do site The Local.

Após um encontro entre membros dos dois governos em Estocolmo, nesta terça-feira (7), a delegação húngara projetou que o pedido será aprovado oficialmente. A votação parlamentar em Budapeste estava agendada para ocorrer nesta semana, mas foi adiada para o dia 20 de março.

De acordo com Csaba Hende, vice-presidente do Parlamento húngaro, a tendência a é de que a proposta não sofra rejeição. “Iniciamos o debate na semana passada. Normalmente, quando tudo corre bem, em algumas semanas esse debate termina”, disse ele.

Para não deixar dúvidas, o parlamentar reforçou a posição favorável de seu governo. “Deixamos claro que o governo húngaro, o presidente húngaro e a grande maioria dos parlamentares apoia unanimemente a adesão da Suécia à Otan”, afirmou.

Csaba Hende, hoje vice-presidente do Parlamento húngaro, em imagem de 2013 (Foto: WikiCommons)

A alegação da Hungria para até agora não ter aprovado a candidatura é a de que a Suécia “espalha mentiras” sobre a democracia húngara, no caso o governo do primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orbán, em seu quarto mandato como líder nacional.

“Seria bom que, no futuro, os políticos suecos, membros do governo, deputados e eurodeputados evitassem retratar a Hungria sob uma luz falsa, aludindo a uma ausência de Estado de Direito que se baseia em fatos claramente falsos”, disse Hende.

A questão turca

A outra nação que ainda bloqueia o ingresso da Suécia na Otan é a Turquia, que cobra uma postura mais clara de Estocolmo sobre o que Ancara considera “terrorismo”, referindo-se à tolerância sueca com indivíduos acusados de serem membros de milícias curdas.

O governo sueco cedeu parcialmente às exigências ao anunciar, em dezembro de 2022, a extradição de Mahmut Tat, acusado de ligação com o PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), grupo considerado extremista inclusive pelos EUA e pela União Europeia (UE). Porém, outros pedidos semelhantes foram vetados, e a Suécia já disse que não haverá interferência política para tentar mudar decisões judiciais.

Mas um sinal favorável pode vir na quinta-feira, (9), quando a Suécia decidirá sobre uma proposta há muito planejada para criminalizar o ato de fazer parte ou mesmo de endossar uma organização terrorista. O plano é de que a legislação entre em vigor em 1º de junho, o que poderia acalmar os ânimos e levar ao voto favorável da Turquia.

Quem também aguarda a aprovação para ingressar na Otan é a Finlândia. Embora o pedido esteja igualmente pendente, Hungria e Turquia dão sinais de que ele será aprovado sem problemas. Os escandinavos, que no início não abriam mão de ingressar ao mesmo tempo na aliança militar, já admitem a possibilidade de que Helsinque o faça antes.

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