O Parlamento da Armênia aprovou na quarta-feira (12) um projeto de lei que dá início ao processo de adesão do país à União Europeia (UE). A medida ocorre em meio ao crescente distanciamento de Yerevan em relação à Rússia, um de seus principais aliados históricos. As informações são do Politico.
O primeiro-ministro Nikol Pashinyan já havia sinalizado, em janeiro, a intenção do governo armênio de buscar a entrada na UE. No entanto, ele enfatizou que a decisão final só poderá ser tomada por meio de um referendo popular. O projeto aprovado agora representa um passo inicial nesse caminho.
“A Assembleia Nacional da Armênia aprovou, em primeira leitura, um projeto de lei para lançar o processo de adesão do país à União Europeia”, anunciou o presidente do parlamento armênio, Alen Simonyan, em uma publicação no X.

A iniciativa surgiu após uma petição pública reunir mais de 50 mil assinaturas, o número necessário para que o tema fosse debatido pelo legislativo.
Caminho longo e incerto
Embora a aprovação do projeto represente um avanço na direção da UE, o processo de adesão é longo e complexo. O caminho para integrar o bloco pode levar décadas, pois envolve a análise de seis grandes áreas — chamadas de clusters — que se subdividem em 35 capítulos. Cada um desses capítulos avalia se o país candidato atende aos critérios exigidos pela UE em setores como governança democrática, sistema judicial e direitos fundamentais.
Exemplo disso é Montenegro, que deu início às negociações há mais de dez anos, mas ainda precisa concluir 30 capítulos antes de uma possível entrada no bloco.
Relações com a Rússia em xeque
A decisão armênia ocorre em meio a tensões crescentes com Moscou. Em 2024, Yerevan anunciou que deixará a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), aliança militar liderada pelo Kremlin e considerada uma alternativa russa à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O governo armênio justificou a saída alegando que a OTSC não interveio quando o Azerbaijão atacou o país.
Apesar do distanciamento político, a Armênia continua dependente da Rússia em setores estratégicos, como energia e comércio, além de abrigar uma base militar russa em seu território. Esse vínculo ilustra os desafios de uma ruptura definitiva com Moscou.
O vice-primeiro-ministro russo, Alexei Overchuk, ironizou as aspirações armênias de ingresso na UE, comparando-as a “comprar uma passagem no Titanic” e alertando para possíveis consequências econômicas da decisão.
Embora a adesão da Armênia à União Europeia ainda esteja distante, o movimento reflete uma mudança significativa na política externa do país e pode redefinir seu posicionamento geopolítico nos próximos anos.